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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Eu sou seu cavalo

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publicado em 21/01/2024 às 08h17

Eu encontrei um texto meu, que não tinha sido publicado, acho que seria na semana seguinte da morte do Correio da Paraíba, em março de 2020. Fui reler e achei bobinho, mas resolvi copidescar.

O título era “A boca nos trombones do Asdrubal”, mas amiúde, poucos têm saúde. Muitos têm “planos”; outros planaltos, diversos comunistas e nenhuma palavra como substância. Longe de Sartre, com ou sem razão, na natureza de ser frequente ou incessante, eu vou, por que não?

Eu observo o inventário dos frequentes vocábulos – lá e ló, longe do mestre Aurélio B. de Holanda (foto|), pois como dizia Borges, “a Índia é maior do que o mundo” Ué, tergiversei? Eu posso, né?

O que prepondera dia e noite é o besteirol da província. Ah, se um dia eu voltar ao Quartier Latin, eu boto a boca no trombone.

Cá nos trópicos, topadas, trotados, tropas, trotes, cavalos e peixes gordos nunca encontrariam a palavra amiúde e esbaram nos alaúdes, mas existem os ataúdes sofisticados, querendo ou não. Opa! Alto lá! Agora é cremar – até o creme de lá creme, se crema. Tá vendo, era o meu pensamento em 2020, naquela maldita pandemia.

Para pulsar a intermitência de um coração que bate como o meu, o seu e dos vagabundos, a novidade realmente veio dar à praia. Salve Homero! Salve Herbert Viana e Gilberto Gil. Nunca vi fazer tanta exigência, os idiotas dizendo que são uma potência e eu peço clemencia para as crianças com caras de adultas na beira mar do Cabo Branco.

Nós, os aprendizes das palavras, perdizes, paranoicos,  os parados nos postes do bando de Zé Simão, paradinha para a saideira, quanta besteira nesse meme “sextou”, que cá pra nozes, é melhor ir pegando o beco.

Costumamos e nos acostumamos  a prestar mais atenção nessas idiossincrasias da língua do que qualquer um, mas qualquer um mesmo. Nós, quem? Poxa – leiam “Ilíada” e “Odisseia” e mudem a cabeça, a cabaça escambau.

Nós, com as nossas sandálias de prata, rabichos, as arrastadas e os chinelos,  nós mulatas espantadas, nosso dançar atônito, temos esses costumes de verificar a hora em que a palavra não foi facultada, sequer fecundada, e surgem as tais matracas. Cala boca, GG, teus seguidores não te seguem.

Língua, língua que puxa, lambe, chupa picolé, Zorro, pudim e depois cospe no pires que comeu, fudeu e fala pelos cotovelos e a  desculpa é do calor. Te dana.

Quer fazer o seu caldo ficar mais gosto? Eu sou do clã do Cabral: você é do azedo e eu sou do amargo. Odeio açúcar.  E vós, os senhores sem palavras, gostaríamos que as vossas amiúdes presenças fossem mais adiante nesse compasso do arroz com feijão, algodão-doce, vegetações e miudezas, até que meu grito chegue aos trombones que o Asdrubal trouxe para cá nesse fim do mundo.

Ué, aqui não é o fim do mundo? O mundo já acabou faz tempo e ninguém é de ninguém .Todos podem muito bem, fazer isso enquanto andam, trabalham, comem, conversam e fazem coco.

É verdade, de noite eu sou o seu cavalo.

Kapetadas

1 – Quero a sua risada mais gostosaaa esse seu jeito de achaaaar que a vida pode ser maravilhooooosaaa, estou meio viciado em ivan lins, mas acho que não é o fim.

2 – Faça o que eu faço mas não faça o que eu digo, ou faço

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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