João Pessoa, 01 de dezembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sou nesse momento uma miragem,
uma nuvem qualquer que passou,
um aroma que no ar se dispersou,
uma imagem nítida que desapareceu.
Tudo ao meu redor se dissolveu,
Perdeu o sentido ou se apagou.
A cor do céu não é mais azul,
Tem a transparência da água,
Ele parece ser um gel incolor.
Eu faço parte desse campo.
Até minha pele é translúcida,
E meus cabelos são vítreos.
Não há gravidade e eu flutuo.
As substâncias não são as mesmas,
E as novas propriedades se mostram.
Nesse lugar tudo é novo e diverso.
Esse é um reverso do Universo?
Não sei nem entendo mais nada.
Será uma peregrinação mental?
Uma conjectura surreal e única?
Esse espaço é um canto nenhum?
Onde me encontro enfim?
Diáfano pensar e sentir!
Em que brecha do tempo eu estou?
Vagando neste ambiente sutil,
Serei uma alma longe do corpo?
Onde o deixei neste percurso?
O terei de volta para sentir-me?
Ou essa sensação etérea ficará?
Essa é minha nova forma de vida?
Estarei em sono ou sonho profundo?
Ou no maior devaneio possível?
Devo acordar dessa experiência?
Para onde vou e o que sou?
Quero todas as cores de volta.
Quero me perder em todas elas.
Amo o verde e não posso viver sem o azul.
Desejo o vermelho e me encanto com o rosa.
O lilás me embevece e me lembra o roxo.
É o laranja que me anima e o branco restaura.
O ocre me embriaga e o púrpura enobrece.
O preto é elegante e o magenta é cerimonial.
Como posso querer a transparência?
Ser alguém invisível que não é notado?
Uma luz sem definição e sem contornos?
Poucos me conseguiriam ver ou perceber.
Que privilégio é ter as cores!
Elas que possuem tons infinitos!
Eu me reaproximo da atmosfera.
Distancio-me das alamedas sutis.
Desço às regiões e terras densas.
Por desejo, condenso-me novamente,
Para ter as colorações em mim,
Ver-me sólida e viver a policromia.
Eis que acordo na Aurora da vida,
No amanhecer do dia pelo raiar do sol,
Com verdejantes matas naturais,
Nos arroubos do céu que conheço,
No pássaro colorido que canta,
No meu usual lugar de aconchego.
BOLETIM DA REDAÇÃO - 09/05/2025