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MaisPB Entrevista

Belô Velloso lança EP com clássicos do tio, Caetano Veloso

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publicado em 13/05/2023 às 11h53
atualizado em 13/05/2023 às 09h49

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos: Sarah Mirella

Com selo da Biscoito Fino, Belô Velloso acaba de lançar EP “Belô Odara” com quatro canções do seu tio, Caetano Veloso. A ideia veio de um show em que ele canta várias canções do tio, em homenagem aos 80 anos dele ocorrido em agosto do ano passado. Ela revela a poesia e a ancestralidade em quatro canções, que já estão nas plataformas digitais.

O show “Uma noite Odara”, aconteceu no Restaurante Amado de Salvador, com produção de Ginno Larry, com as participações de sua mãe, Mabel Velloso, a tia Irene Velloso e o primo Jota Veloso

Com arranjos de Tito Oxossi, o EP que traz a influência do cenário musical atual, transitando pelo afrobeat, reggae e até a sofrência, o projeto apresenta um pouco do sotaque do trabalho da artista para as canções do poeta do tropicalismo, traduzindo a maneira de Belô cantar.

Gravado em Salvador, o projeto reúne canções que a sobrinha de Caetano nunca havia gravado. “Sampa”, “Você é linda”, “Cajuína” e “Odara” ganharam novos arranjos. Para ela foi difícil selecionar o repertório. “Todas as canções de Caetano são importantes para mim, pessoalmente, e de uma grandiosidade enorme na música popular brasileira”. disse a artista.

As fotos de Belô Velloso são da fotógrafa baiana Sarah Mirella – a capa do EP nos remete para o disco “Bicho, 1977” de Caetano Veloso e demais fotos lembram o ensaio que a fotógrafa Thereza Eugenia, fez com Caetano, no Rio, em 1979.

MaisPB – Esse EP tinha que se chamar “Belô Odara”, né Belô?

Belô Velloso – É verdade. Eu escolhi o nome justamente para que a gente tivesse essa renovação. Odara, o nome, o significado, a representação que tem essa canção, desde quando foi lançada, de quando aconteceu, e como ela é linda até hoje, cantada, juntando com isso o significado de Odara.

MaisPB – Para tudo ficar Odara, né?

Belô Velloso – Essa canção tem um poder de transformação, não foi à toa que eu resolvi cantá-la. Essa é uma face de Caetano que eu estou mostrando, sou eu e Caetano ao mesmo tempo. Não é apenas uma cantora cantando Caetano, é a sobrinha dele cantando, é Belô Velloso cantando Caetano, minhas facetas e todas elas estão ligadas a Caetano. Como cantora eu não existiria sem ele. É o marco zero da música, onde a música fez morada em nossa família, Caetano e Bethânia.

MaisPB – Você foi backing em dois discos dele?

Belô Velloso – Eu cantei com ele em “How Beautiful Could A Being Be” e no disco “Livro”, de 1998.

MaisPB – Abre o EP com “Sampa”, clássico de Caetano e tem um momento que você declama os versos…

Belô Velloso – Na verdade, a ideia de fazer um rap, meio tramp, era uma coisa que eu queria muito fazer há muitos anos. Tive essa oportunidade e fiz isso ao vivo, no show que fizemos em homenagem a Caetano, pelos 80 anos e combina muito com Sampa, a grande metrópole, que é uma cidade cheia de informações, onde morei e me sinto com propriedade de cantar. Sampa é uma vivência, é um lugar de imigrantes, é cosmopolita.

MaisPB – Vocês fizeram essa mistura no arranjo?

Belô Velloso – Justamente por isso, essa mistura viva de São Paulo, seja nas periferias ou na Zona Sul. São Paulo tem uma língua universal, quis fazer um arranjo que fugisse de toda e qualquer gravação anterior.

MaisPB – Você tem uma parceria com Caetano, né?

Belô Velloso – Eu coloquei letra numa melodia dele, que está no meu segundo disco que se chama “Um Segundo” e a música se chama “Acordar Pra Você”. É linda, ele fez a melodia para e estava faltando a letra, Caetano gravou assobiando, tocando violão, quando ele tocou parecia que eu estava ouvindo a letra, cheguei em casa e escrevi.

MaisPB – Você já viu o show Meu Coco?

Belô Velloso – Claro, adorei.

MaisPB – Você botou um aboio na introdução da canção Cajuína?

Belô Velloso – É porque Cajuína é muito Nordeste, essa questão forte que existe na história dessa canção, “do que será que se destina”, – por que a gente existe? Essa descoberta que Caetano lança em Cajuína, ela serve para todos os seres vivos e o aboio, é um grito, um lamento. Essa canção também fala de Torquato Neto, que foi incrível, que eu admiro demais e foi embora cedo, precocemente.

MaisPB – A canção “Você é Linda, ficou muito bonita em sua voz…

Belô Velloso – Essa canção é muito popular e eu trago ela para a sofrência, porque hoje é o que tem de muito popular, a canção encaixa muito bem e eu queria que tivesse uma canção romântica de Caetano.

MaisPB – Você não pensa em gravar um álbum completo com as canções dele?

Belô Velloso – Sim, estou pensando nisso.

MaisPB– Desde os anos 90 você está trabalhando com música…

Belô Velloso – O meu primeiro disco foi lançado em 1996, pela gravadora Vellas. Eu fui para o Rio em 1990, com 19 anos. Já fiz muita coisa, uma turnê pelos Estados Unidos, para crescer como artista.

MaisPB – Você foi uma das primeiras artistas a trabalhar com o digital, né?

Belô Velloso – Sim, nos anos noventa, eu fazia Web Rádio Rio, com entrevistas sobre a era digital, e foi inevitável a gente chegar onde estamos hoje, na era digital, nas plataformas. Sempre trabalhei com a Internet.

MaisPB – Você está apoiando e trabalhando também com a Campanha Maio Amarelo?

Belô Velloso – Sim, estamos fazendo essa campanha, que trata da saúde mental também ando focada na relação da PL, o 342, sempre tive uma voz ativa na Internet, mais política e artística.

MaisPB – O nome artístico Belô Velloso vem de sua avó, Dona Canô?

Belô Velloso – Sim, minha avó me chamava de bibelô. Ela dizia – essa minha neta é um bibelô, um apelido que pegou, mas o nome de batismo é Isabel.

MaisPB – Você fez uma versão de Dona de Mim, da Iza?

Belô Velloso – A gente fez uma versão bem baiana. Eu gosto da Iza, talentosa

MaisPB – Como vai sua mãe, Mabel?

Belô Velloso – Minha mãe está bem de saúde, ela até participou dessa noite que eu fiz o show homenagem aos 80 anos de Caetano em Salvador, ela também o homenageou, recitando um poema dela, que é um dos que Caetano mais gosta, que se chama DNA. Muito amor por ela, já gravei muitos poemas de minha mae. Em quase todos os meus discos, gravo poemas de minha mãe.

O EP por Caetano

“Fico contente de Belô ter escolhido músicas minhas para o EP que ela gravou. Ela canta de forma muito pessoal e os arranjos têm muito da inteligência dela. Não perguntei, mas sinto que naquilo tudo tem coisas que ela sugeriu”, disse o tio Caetano Veloso.

“Falo em inteligência e penso em sua mãe e seu pai. Ambos passaram para ela essa capacidade mental. Dos ecos de aboio em “Cajuína” aos trechos em rap em “Sampa”, enfim, todas as programações e estrutura das faixas, tudo é inteligente e elegante. E a voz dela vem pura e íntima em todas as faixas. Bem Bahia, bem agora, bem pessoal”, Caetano Veloso.

Assista Sampa aqui – Belô Velloso | Sampa

Ficha Técnica Belô Odara!

Concepção artística: Belô Velloso e Titoxossi

1-SAMPA (Música incidental: “Não existe amor em SP”)
Voz: Belô Velloso
Violão: Beto Márcio
Programações, arranjo, teclados e baixo elétrico: Titoxossi
Percuteria: Marcelo Pinho

2- “CAJUÍNA”
Voz: Belô Velloso
Violão com wahwah: Beto Márcio
Programações, arranjo, teclados e baixo elétrico: Titoxossi
Percuteria: Marcelo Pinho

3-“VOCÊ É LINDA”
Voz: Belô Velloso
Violão: Beto Márcio
Programações, arranjo, teclados e baixo elétrico: Titoxossi
Percuteria: Marcelo Pinho

4-“ODARA”
Voz: Belô Velloso
Violão com wahwah: Beto Márcio
Programações, arranjo, teclados e baixo elétrico: Titoxossi
Congas: Marcelo Pinho

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