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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Sonhei com o Raul Seixas

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publicado em 30/10/2022 às 07h55

Vamos sorrir um pouco porque tá tudo tão turbulento, ne? Fui às compras essa semana. Fazia muito tempo que não ia ao centro da cidade. Também fazia tempo que comprava algo, tanto porque não me alegrava com a pandemia e porque acho divertido passear virtualmente nos últimos meses na “Shopee”, confesso. Cidade grande tem de tudo e a gente se não cuidar começa a se perder. 

Minha casa precisava de tecidos, sim porque um sofá novo e cadeiras da mesa de jantar novas estão custando uma córnea e um rim. Eu preferi reformar. 

Armaria, o problema é enfrentar as ruas quentes do centro da cidade à procura de um bom tecido. Suede, jacquard, acetinado, impermeável, canelado, veludo… vixe quanta informação! 

Meu problema não é ter bom gosto, é ter gosto esquisito. Cadeiras das pontas queria com folhas secas desenhadas ou uns robustos limões-galegos, sim, galegos, pois siciliano enjoei no gin tônica semanal e nos pratos que me abrem na internet e no instagram. 

Chega de colonização fo algoritmo, quero folhas secas, palhas, natureza morta não, esturricada.

Passei numa loja que o senhor mestre em costura me recomendou. 

Já fiquei encantado com o cheiro de “fazenda nova”, antigamente chamava-se tecido de fazenda, sabia? 

Gosto do cheiro de fazenda, de terra com cheiro de estrume de gado, grama e terra molhada, mas é assunto pra outro conto. 

Saí da loja triste, pois tinha umas 25 estampas de quê? De limão siciliano uebaaaaaa. 

Eu comecei a fraquejar e gostar dos tais limoeiros, eram garbosos, cintilantes, mas decidi sair antes de levar algo que eu apenas gostasse. Na vida o que vale é amar. 

Fui a uma loja perto de casa mesmo, lembrei-me do ar-condicionado que nem sou fã, mas nesses dias quentes e úmidos é uma linda solução e invenção humana. 

Mas não foi do o ar que estava bom. Encontrei tudo do lado da minha casa, meus vizinhos que eu desdenhava. Tunha toda opção de frutas, limões-galegos laranjas estupendos, até frutas secas tinha, quase um paraíso. Palhas pra todo lado… Aquilo foi me dando uma alegria, um bom humor e uma aflição ao mesmo tempo! Muitas estamparias de muita qualidade. Muita coisa so medmo tempo, uma mistura de Paraguai com Miami. 

Cheguei em casa e abri as grandes sacolas da loja e mostrei a minha mãe. 

Eram borboletas de todas cores e estilos. Ela ficou sem entender e eu também. Antes de me perguntar onde estavam as palhas e limões-galegos, eu e ela começamos a sorrir descontroladamente e descompassadamente. 

Ela sempre me entendeu, sempre me enxergou como uma metamorfose ambulante e eu prefiro ser! 

Ah os sofás e as cadeiras ficaram lindos, venham conferir! 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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