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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Tá na hora de viver de novo

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publicado em 16/04/2022 às 08h21
atualizado em 16/04/2022 às 05h52

Parece que não estamos mais assistindo a morte de outros.  Já estamos a festejar a vida, dias melhores chegaram. Cada manhã é mais bonita que a outra.

As alegrias, minhas alegrias, se partem, em divisões mil e que ouçam os anjos, também as canções, as cenas devoradas pelas necessidades, como nós nos faremos entender de agora em diante.

Escuto ainda dizer que estamos em pandemia, mas dela não saímos, vencemos. Já somos mais fortes para seguirmos sem o medo que nos assolou quase mil dias.

Já podemos respirar o afogado que não nos matou e, nessa luz, no sol que alguém sempre traz para perto, cuja cor desse vislumbre prolonga-se desafiador de cenas sombrias.

É como se meus passos ultrapassem a minha sombra e serei rápido, bem mais rápido que as árvores em seus assobios noturnos, aquela opereta do caos, que não sabíamos em que esquina diríamos adeus.

Perdemos amigos valiosos, ganhamos amigos novos.

Em Festivais, Drummond sempre capaz, nos remete para Florinda Bulcão, “florido balcão: com esse nome lindo no frontispício do poema, para que fazer cinema?”

Quando eu era menino, já ouvia falar em Florinda Bulcão e lembro que quase ninguém sabia pronunciar o sobrenome dela, mas se Florinda é linda, foi linda, não precisa de sobrenome.

Estão voltando as flores que não tiveram chances em suas primaveras. O jardim da nossa casa está cheio de orquídeas e assim posso me sentir nas ruas do Leblon, com suas orquídeas grudadas nas árvores, colocadas ali pelos moradores.

Nunca irão nos engolir, já que nosso país é vasto,  não desce goela abaixo. É melhor não atirar a primeira pedra, onde nem as pedras saberão ser pedras novamente.

Você gosta de mim? Que novidade feliz!

A loucura vai continuar o duelo contra a lucidez, assim como a frieza de muitos, mas já podemos viver de novo. Já passa da hora.

Os nomes já me chamam nas ruas e arrepiam as emoções de estarmos novamente abraçados, reconhecendo uns aos outros. Muito embora, muitos não consigam mais tirar as máscaras.

Páginas viradas se perdem para sempre na vida dos que continuam armados até os dentes.

Vem comigo passear além do jardim, tá na hora de viver mais, muito mais.

Kapetadas

1 – Os virtuosos de fachada destilam o que não praticam na vida real.

2 – Em menos de 15 dias: uma amiga foi assaltada 2x. Em menos de 24 horas: mais 2 amigos assaltados. Tá foda. Tomem cuidado.

3 – Som na caixa: “Tudo é relativo aos bons costumes do lugar”, Rita Lee e Luiz Carlini.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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