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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Batman, o solitário

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publicado em 22/03/2022 às 08h10
atualizado em 22/03/2022 às 05h16

(Para Vítor Córdula Pinheiro)

Não me espanta que eu tenha gostado do filme “The Batman”. Eu aprendi a gostar do imenso Batman com meu filho Vitor, que é um rapaz inteligente e não existe coisa melhor do que conversar com os jovens, que nos ensinam muito.

“The Batman”.  Só discordo de uma coisa: o filme é muito longo, quase três horas de duração e parece um filme dentro de outro.

Na primeira metade, a nova versão do homem-morcego com Robert Pattinson (de “O farol”, conhecido pela saga “Crepúsculo”) com o capuz e a capa, é um belo Batman, numa das melhores adaptações na questão estética da linguagem dos gibis.

Supera qualquer ideia contrária, mas é o Batman de 1939, revista mais cobiçada entre os colecionadores mundiais. Em suas páginas, um dos super-heróis mais populares de todos os tempos: o Cavaleiro das Trevas, uma personagem solitária.

Com narração exagerada, a história com idas e vindas, mas categórico, com os cenários que retratam um mundo fictício da deslumbrante Gotham City que permanece agitada, cujas imagens se passam no escuro. Isso é fascinante.

E haja porradas. Muitas.

Nessa versão do Batman, dividindo o roteiro com Peter Craig, o cineasta mostra o poder em construir e não reconstruir filmes, com visuais atraentes, até romanescas. Não é à toa que a “Mulher Gato” (Zöe Kravitz, cuja personagem é bissexual)  está no páreo e ela não dá sopa.

Ao mesmo tempo, penso que esses filmes terminam sem saber para onde ir e nos conduzir, com conclusões de outros filmes, que têm o morcego como  vencedor.

Até que não são frustrantes as cenas do Coringa, apesar dele não aparecer caracterizado.

Não é um filme sobre a novidade, mas como uma guerra, que é sempre a mesma, que está à mão, e não descuremos a importância que estas coisas têm na hora de encontrar uma crítica a favor ou contra.  Até para ter eco na mídia. “The Batman” não precisa disso.

Há uma sintonia de discurso – seja político, moral, ideológico, histórico – sobre a tela. E isso é essencial porque senão o Batman trabalharia a partir dessa suspensão de todo o tipo de juízo, para chegar a uma coisa mais básica ou banal.

As cenas no casarão da família Batman são incríveis, com a presença de Alfred, o leal mordomo. Também não é um filme magro de elogios. Eu gostei e olha que não gosto de filmes de super heróis.

Veria de novo?  Talvez, para lembrar de Kubrick, não o de Full Metal Jacket; mas o de 2001, cuja “solidão do astronauta” é explicitamente notada, e com todo o propósito.

É isso, Batman é um solitário. Vejam ou não.

Ainda assim, o filme exprime fabulosamente a saudade da personagem, mas sabendo que daqui a alguns anos teremos um novo filme do Batman, que já é oitentão. Pow!

Kapetadas

! – Arrumei um jeito de ser chamado de bonito. Levando meu filho pra tudo quanto é lugar só pra ouvir: “Seu filho é a cara lindo! E é a cara da mãe!”

2 – Se a Rússia fosse um palco, seus atores principais seriam ótimos em tragédias.

3 – Som na caixa – “Quem sabe, o super-homem venha nos restituir a glória”, Gilberto Gil

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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