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Real desvalorizado atrai estrangeiros para produção de pornô

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publicado em 10/04/2016 às 14h39
atualizado em 10/04/2016 às 11h40

“Nunca dei tanto duro como de um ano para cá”, diz a morena Pérola di Oliveira, 29, mais conhecida pelo nome artístico Pérola Mineira, que pode ser visto em inúmeros créditos de filmes pornográficos.

A loira Hilda Brazil, 28 anos, nove dos quais dedicados ao mercado pornô, concorda. De janeiro para cá, recebeu convites para estrelar cinco filmes. “Não dei conta de todos”, diz ela, que até então participava em média de seis produções por ano.

O crescimento da oferta de trabalho ocorre porque estrangeiros voltaram em revoada a filmar pornografia no Brasil, depois da forte desvalorização do dólar em 2015, segundo produtores, diretores e atores desse mercado.

Binho Hard, da produtora Hard Brazil, gravou por encomenda de estrangeiros mais de uma dúzia de cenas no ano passado, totalizando seis longas –o triplo de 2014.

“Às vezes um diretor vem, mas na maioria dos casos eles passam o que querem por e-mail ou Skype.” Muitas vezes faz-se a seleção dos atores por aqui e o material é enviado já pronto, editado.

Indicado em 2015 à categoria melhor filme hétero do prêmio Sexy Hot, maior láurea nacional do pornô, Hard vende uma cena por US$ 5.000 (R$ 18.000).

Ele não revela sua margem de lucro, mas é possível depreender o bom negócio que se apresenta.

Numa tarde recente, Hard fechou uma boate no largo do Arouche, no centro paulistano, pôs 30 pessoas lá e filmou mais de sete cenas com temática carnavalesca. Todas para consumo internacional.

SEM PRESERVATIVO

Atores com alguma consagração ganham entre R$ 1.200 e R$ 2.000 para filmar uma cena sem preservativo e R$ 800 para a mesma sequência, se o sexo for seguro. Com cenografia e assistentes, uma cena média custa R$ 10 mil.

“Acaba sendo uma cena de mesma qualidade das filmadas nos EUA, com um perfil mais diversificado de atores, mas por metade do preço”, diz o canadense Adam X. Ele veio ao Brasil pela primeira vez em junho de 2015 e desde então filmou três vezes aqui.

“Ficou barato gravar aqui. A média do cachê mundial das melhores atrizes é de US$ 1.000 e aqui gira em torno de R$ 3.000”, diz Clayton Nunes, da Brasileirinhas, uma das maiores empresas de entretenimento adulto do país.

Ainda que tenha sido procurada por empresas americanas e europeias, a Brasileirinhas preferiu focar em seu novo nicho de mercado, de transmissão ao vivo de performances sexuais pela internet, o que impediu parcerias.

“Com a pirataria comendo solta, fazer filmes para os gringos é um bom negócio”, diz Panda, diretor que usa um pseudônimo pois trabalha numa agência de publicidade nos dias úteis, e não quer se vincular à sacanagem.

As empresas, entretanto, acham um aspecto desse aquecimento pouco excitante. “Os estrangeiros vêm para cá depois de já ter contratado os atores por redes sociais. Alugam uma casa por dois dias e filmam sem usar profissionais brasileiros. Só os atores lucram, e olhe lá”, afirma Panda.

Folha de São Paulo

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