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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Saliência também é cultura

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publicado em 31/10/2025 ás 21h09

Caminhando para os 80 anos, gosto de relembrar não somente minhas histórias e amigos, mas também das namoradas.

Pois muito que bem. De repente me veio à memória uma namorada dos tempos em que estava chegando para morar no Rio de Janeiro. Era uma bonita garota, muito divertida e sassaricada, se é que vocês me entendem. Saiamos à noite e eu encostava meu automóvel junto à calçadinha da praia do Leme, quase em frente ao restaurante Fiorentina. Ficávamos namorando no interior do carro e ela chamava aquilo de “corrida de submarino”. Outros automóveis também estavam lá na mesma “corrida”. Claro que com o tempo descobri os encantos do motel Vip’s (quem é do ramo deve lembrar), mas nada disso importa; o que vale é que fui pesquisar porque chamar aquela coisa gostosa de corrida de submarino.

Descobri. Quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados, os alemães ficaram com a gota serena e começaram a afundar nossos navios. Já contei aqui, inclusive, que alguns desses barcos afundados tiveram seus nomes perpetuados em nossas ruas e avenidas, o que até hoje causa confusão na população quando tenta lembrar as avenidas Olinda ou Buarque como homenagens à cidade histórica de Pernambuco ou à ilustre família de intelectuais, se bem que o cumulo é a homenagem ao navio Arabutan. Não satisfeitos em inventar um tal índio Arabutan, eu soube que existem duas ruas com o mesmo nome aqui na capital. Quanto ao índio, nunca teria existido.

Mas já estou viajando na maionese de novo. O fato é que foi decretado um black out rigorosíssimo no Rio de Janeiro à época, como forma de enganar os submarinos alemães. Toda a população carioca mobilizou-se. Jovens distribuíam panfletos pelas ruas, nas escolas e fabricas, em lojas e repartições públicas com recomendações fortes. A partir das 7 da noite as casas tinham que ficar no escuro, desligavam-se as lâmpadas dos postes e os carros só podiam circular com os faróis apagados.

No meio do pânico coletivo o amor encontrou uma brecha. Os namorados usavam o pretexto de irem para a beira mar em seus carros a fim de vigiar a costa, caçar submarinos e aproveitavam os largos espaços internos dos automóveis da época para aumentar a população brasileira, se é que vocês continuam me entendendo.

Tinha inveja daqueles imensos espaços internos dos automóveis antigos que meu Puma negava.

E preciso lembrar do nome da minha professora de caçada de submarino… .

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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