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Eu sou mansa, sim. Mas não se engane com o tom calmo da minha voz, nem com o jeito doce de quem observa o mundo em silêncio. A mansidão, em mim, é apenas superfície. Por baixo, há correntezas que não se veem — e nelas, o viver é feroz, mas não meto os pés pelas mãos.
Ser mansa nunca foi o mesmo que ser fraca. É apenas saber o momento de rugir. É guardar o trovão dentro do peito e soltar só quando a vida tenta me engolir. A mansidão me permite respirar, mas é a ferocidade que me faz continuar.
Aprendi cedo que sobreviver exige mais do que brandura. É preciso ter garras para quando a ternura não basta. A vida me ensinou a sorrir enquanto sangro, a calar para não perder a razão, e a levantar mesmo quando ninguém espera que eu levante.
Eu sou mansa, mas minha função de viver é feroz, porque amar exige coragem, perdoar requer força, e seguir em frente é uma forma de guerra silenciosa. A cada queda, eu renasço. A cada ferida, eu fico curada. A cada despedida, me reinvento.
E, se às vezes, pareço calma demais, é porque já aprendi que o furacão mora dentro. E ele só sai quando a vida ousa me subestimar.
Como diz a cantora Maria Bethânia, não mexe comigo que eu não ando só.
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Ilustração – Furiosa: Uma Saga Mad Max
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