João Pessoa, 10 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Desde muito tempo tenho feito com as pessoas que conheço uma espécie de teste. Ao encontra-las pergunto se estão meio assim. É muito engraçada a reação. A quase totalidade nega que esteja, como se meio assim significasse algo depreciativo. São pouquíssimas as pessoas que me questionam: “- Meio assim como?”. E realmente eu nunca defini o que é “estar meio assim”. Só um amigo, conhecido por sua brutalidade, respondeu que não estava meio assim não, estava completamente assim. Vá entender o que significava.
Trago isso a propósito de expressões que vamos incorporando nas conversas do dia a dia e que pelo menos para mim não tem o significado pretendido ou não significam nada, com raras exceções.
Um exemplo simples eu vi nascer em São Paulo quando visitava minha filha e netas muitos anos atrás. ENTÃO. Achei a coisa mais louca do mundo alguns paulistas começarem frases usando “Então”. Então o que? O então não cabe ali nem diz nada. Com o tempo a “praga” do então chegou aqui. Vez por outra ouço entrevistados gabaritados começarem suas respostas nas estações de rádio com o terrível então.
Outra expressão que me diverte é “altamente”. Não sei se os leitores já conversaram com alguém que usa altamente para diversas hipóteses. Uma amiga minha sempre que quer dizer que algo é bonito diz que é altamente e em seguida se cala. Como eu sei o que ela quer dizer ficamos entendidos, mas depois do altamente bem caberia qualquer palavra, né?
Muita gente usa uma expressão que acho incrível. Para expressar espanto ou admiração dizem: “- Eu fico incrívi”. Exatamente assim, com acento agudo no segundo i. Ficar triste ou alegre tudo bem, porém ficar “incrívi” é outro patamar. E o pior é que eu entendo perfeitamente o que querem dizer.
Há ainda uma expressão bem nossa, não encontrada em outras regiões e que ultimamente tem tomado o linguajar quase universal da beira mar. Antigamente quando nos cruzávamos nas caminhadas era comum saudarmos os outros com um bom dia ou como vai. Agora não; muita gente está usando uma expressão quase gritada. BORA! Bora pra onde, meu Deus?
Para mim, porém, de todas as expressões que usamos, as mais perfeitas são “EITA!” e “AGORA LASCOU!”. São tão fortes e espontâneas que nem precisam ser ditas, basta serem pensadas para fazerem seu papel.
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VEREADOR QUESTIONA - 09/10/2025