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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Os Cursos Mais Disputados do Mundo

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publicado em 03/06/2025 ás 07h32

Os valores e desafios enfrentados pelas sociedades ao redor do mundo acabam se refletindo na escolha das profissões. Neste texto, vamos comparar como essas escolhas revelam tendências econômicas, culturais e até históricas, por meio de um olhar que contrasta e aproxima as realidades do Brasil, da América do Norte e da Europa.

No Brasil, Medicina ainda reina absoluta como o curso mais disputado. Em processos seletivos como o SISU, a relação candidato/vaga ultrapassa facilmente os 200 concorrentes por vaga em instituições públicas. Biomedicina, Engenharia de Software, Pedagogia e Análise de Sistemas também despontam em universidades federais e institutos federais. Esse interesse pela área da saúde se justifica tanto pelo prestígio quanto pela estabilidade da carreira, especialmente em tempos de crise sanitária e instabilidade econômica.

Já na América do Norte, os cursos mais concorridos variam conforme a universidade, mas certas áreas se destacam pela seletividade extrema. Nos Estados Unidos, por exemplo, Enfermagem é o curso mais difícil de ingressar em algumas universidades, com taxas de aceitação inferiores a 2%. Ciência da Computação, Engenharia e Negócios também lideram a disputa, acompanhando o ritmo acelerado da transformação digital e da valorização de habilidades analíticas e tecnológicas. Psicologia e Ciências Biológicas completam a lista dos favoritos entre os jovens americanos.

Na Europa, a tradição acadêmica e o papel do Estado moldam outras prioridades. Cursos como Direito, Medicina, Negócios e Engenharia continuam entre os mais visados. Em países como Reino Unido, Alemanha e França, o ingresso em universidades renomadas como Oxford, Cambridge ou Sorbonne exige notas elevadas, provas rigorosas e, em alguns casos, entrevistas. A Ciência da Computação também vem crescendo como escolha preferencial, especialmente entre os estudantes das universidades técnicas da Alemanha e dos países nórdicos.

Embora o Brasil ainda associe prestígio acadêmico à saúde e à estabilidade pública, na América do Norte e Europa há uma tendência mais voltada à inovação, tecnologia e empreendedorismo. Isso se reflete não apenas na popularidade dos cursos, mas nas oportunidades que se abrem após a graduação. Enquanto muitos estudantes brasileiros buscam segurança, os estrangeiros miram em startups, bolsas de pesquisa e carreiras globais.

Outro ponto importante é a estrutura do ensino superior. Nos Estados Unidos, a diversidade de instituições e os altos custos das universidades privadas tornam a competição por bolsas em universidades públicas muito acirrada. Na Europa, por outro lado, o acesso gratuito ou subsidiado ao ensino superior em países como Alemanha e Suécia torna o mérito acadêmico o principal fator de entrada. Já no Brasil, o ENEM e o SISU centralizam a disputa, concentrando expectativas em poucas instituições.

Essa diferença de estrutura também influencia na escolha dos cursos. A pressão por retorno financeiro rápido, comum em países com altos custos educacionais, leva os estudantes a optarem por carreiras mais lucrativas e com alta empregabilidade. No Brasil, onde muitos ainda enfrentam desafios de acesso, a escolha do curso é marcada por uma mescla de vocação, oportunidade e tradição familiar. E isso ajuda a explicar por que a Medicina se mantém como símbolo de ascensão social.

Apesar das diferenças regionais, há um elo comum: a valorização crescente das áreas ligadas à tecnologia e à saúde. A pandemia e a digitalização do trabalho aceleraram esse movimento global. Engenharia de Software, Análise de Dados, Enfermagem, Biotecnologia e Psicologia ocupam hoje lugar de destaque nos rankings de preferências em todo o mundo. Mesmo cursos tradicionais, como Direito e Administração, têm se reinventado para acompanhar as novas exigências do mercado.

Olhar para o que o mundo valoriza pode ajudar a tomar decisões mais conscientes, mas também é essencial entender a realidade local e as oportunidades concretas disponíveis. Compreender essas dinâmicas é fundamental para quem está ingressando na vida acadêmica ou orientando novas gerações. A escolha de um curso superior não deve se basear apenas em modismos ou status, mas sim em propósito, habilidade e visão de futuro.

Não importa se você está no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa: o conhecimento segue sendo o passaporte mais poderoso para transformar vidas e sociedades. No fim das contas, os cursos mais concorridos não são apenas os que reúnem mais candidatos, mas sim aqueles que mobilizam sonhos, rompem limites e conectam pessoas ao que há de mais relevante e transformador em seu tempo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB