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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Letargia

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publicado em 08/02/2015 às 16h44

Em qualquer país com o mínimo de capacidade de indignação, um escândalo das proporções da Petrobrás levaria seus cidadãos a protestos em cada esquina. Não especificamente contra um governo, mas como sinal popular de repúdio, reprovação e exigência de punição e mudanças.

No Brasil, o volume dos desvios registrados e auditados na nossa maior estatal – símbolo nacional – não tem sido suficiente para gerar revolta e empurrar o povo às ruas. As manifestações se restringem às redes sociais, no geral, insufladas por apaixonados eleitores e partidários da oposição.

Aproveita-se o momento de ebulição para chacotas até com imagens de personagens envolvidos. O esquisito Cerveró é o principal alvo. Não fosse o rigor e eficiência da operação lava-jato, o poço de lama da Petrobrás seria reduzido a um bom mote para o nosso proverbial senso de humor. E ficaria nisso.

Pelo balanço oficial, só de má-gestão a Petrobrás contabilizou prejuízos de R$ 63 bilhões. De superfaturamento, R$ 90 bilhões. Repita-se: esses são os dados de relatório da diretoria da própria empresa, naturalmente suavizado para livrar – se é que dá – a pele do governo e suas responsabilidades.

Até sexta, a Polícia Federal não sabia ao certo quanto em dinheiro apreendeu nas últimas buscas da operação. Por uma razão estarrecedora: simplesmente ainda não havia conseguido contar tudo, pasmem. O resumo da ópera é ultrajante para a Nação. A imagem do Brasil no exterior desceu à camada pré-sal.

Atônito, nós brasileiros vamos encarando o desmantelo e a dilapidação do patrimônio público passiva e pacificamente, de boca aberta assistindo ao bombardeio do noticiário. No máximo, compartilhando as últimas novidades e descobertas pelo whatzap e fazendo piada de algo gravemente sério.

O “gigante” que peitou o poder, ocupou as praças e enfrentou até a polícia para baixar R$ 0,10 da passagem de ônibus, agora dorme sono profundo em berço esplêndido – como sugere o Hino Nacional – diante do furto de bilhões do que um dia foi o maior emblema do nosso orgulho patriótico.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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