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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O tempo espicha

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publicado em 07/04/2024 às 08h59
atualizado em 07/04/2024 às 06h15

Há muito que existimos, ou não existíamos, bem antes de existirmos, ao que será se destina (?) da canção do Caetano Veloso. Sim, existimos, eu, você, nós dois e o cachorro abandonado na rua. Até quando morremos, nunca deixaremos de seres ou não seres, nessa era de glórias instantâneas, como anunciou lá atrás, Andy Warhol. Somos Hipolitos? Não, somos chineses.

Até aqui conheci três Anchietas: o José, que riscava as palavras na areia, que se apaixonou pelo Brasil, os “pelos brasis” que aqui habitavam, – vejam bem – aqui habitavam – pela língua e o modo de ser, deles.

José de Anchieta reconhecia que o Espirito Santo já havia semeado nestes “seres humanos” o seu amor e que o ofício do apóstolo era regar, regar cuidadosamente sementes divinas. Bom, até onde se sabe, ainda não existia o “Divino, maravilhoso” na voz de Gal – aliás, deixem Gal Costa em paz.

O jesuíta José de Anchieta foi um dos fundadores das cidades brasileiras de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias.

O segundo Anchieta, era meu professor no Colégio São José, no sertão, um homem bom, inteligente, que sucedeu a vida como renovado, na luz do que aprendeu a ensinar, do simples ao espanto. Não sei ele está vivo, tomara que sim.

O último Anchieta, o Maia, (foto) tenho o reencontrando diversas vezes na calçada da praia no entardecer, gente boa, que abriu muitos espaços para mim, para muita gente, no seu, Moçada que Agita. Preciso dizer mais?

De longe vejo o Maia perto da humanização. Anchieta amigo de uma legião de jovens que já devem ser avós, não sei, mas a moçada agitava mesmo.

É tão antigo e frágil, gostar de alguém, ter zelo um pelo outro, esse bem-querer está em extinção. Até parece que os semideuses mortais não conseguiram se espichar no tempo e  mal sabemos o que fazem na escuridão – quem são eles, se elas por elas já mostram o espaço no ringe do cada um por si…

 Maia teve a coragem de fazer tudo que fez e faz, teve a liberdade de ser amigo de tanta gente, ter construído seu espaço, sua sala, sua casa, sua mãe.

 Eu nunca escrevi sobre Anchieta Maia, ( o entrevistei para o Magazine do extinto Correio da Paraíba) Maia deu um jeito na fome de muitos e aos poucos, foi ficando na sua, festejando o mar, como fazem os pirilampos

Fixando esse contorno indo de encontro ao bem comum, puxa vida, Anchieta Maia não existe. Existe sim, e anda por aí feliz com o que realizou e ainda pode ir bem mais.

Na última quarta-feira, ele disse: “Meu melhor amigo, é o cartão do Unimed”. Falamos dos amigos, dos que ainda estão vindo, indo, já foram chegando. Ele lembrou do jornalista Carlos Aranha, que está chegando aos 80 anos.

A vida, meu caro Anchieta Maia está cheio de ecos, enredos e nós personagens, nós os que tiveram tempo e não tiveram tanto tempo, passamos, repetimos erros, nos acertamos, como ocorre, como acontece no velho sinal fechado. Ufa! Conseguimos nos espichar no tempo.

Kapetadas

1 – Não é que eu reprima meus sonhos, eles só estão em modo avião.

2 – Quer saber? De todos os soníferos, conversa pra boi dormir é o pior.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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