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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Ciao, Zermatt

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publicado em 31/03/2024 às 11h12

Tem 30 anos que essa foto foi tirada! Tudo começou quando eu recebi um convite de um amigo pra ir conhecer Zermatt – não sabia nem do que se tratava – ele falava que Zermatt era perto e todo mundo ia de trem, eu estava com economias em boas condições e tinha viajado pra Itália fixado em Roma, daí na estação  de trem “termini” encontrei esse rapaz que era suíço e que falava que morava ali perto de mim e eu falei pra ele que tinha curiosidade até de conhecer mas não sabia se iria naquele momento porque eu estava com poucas liras italianas, a moeda da época, antes do advento do euro. Turistas e transeuntes, vagávamos órfãos pela Itália daí ele falou que podíamos ir até lá na quarta de manhã, que saía mais barato, então tomamos nota do hotel e ficamos de ir até o Vaticano para ver o papa João Paulo segundo e depois de vermos o Karol Wojtyla saímos em direção à estação Termini a pé e depois de horas fomos agraciados com a beleza de Zermatt, mas nem lembro quanto tempo foi, tampouco lembro as horas que cheguei, porque tudo foi encaminhado por esta criatura loira e suíca. Mas um fato chamou atenção na subida dos Alpes por trem. Eu avistei uma linda plantação em Täsch, onde deixamos o carro estacionado, eram campos imensos de lavanda em pleno inverno, cheios de trabalhadores começando a colher as belas e cheirosas hastes floridas. Avistei duas mulheres de vestido amarelo cantarolando e debruçando hastes vigorosas de lavandas em grandes cestos. Uma cena inesquecível! Ficamos por uns dois dias esquiando, o pior é que odeio frio, ski, roupas demais. Mas fui a convite e o convidado fica calado nesses momentos. Já na descida, o Stephen me perguntou se eu estava com vontade de descarregar a bexiga cheia, eu imediatamente falei que sim… paramos no local de parada dos carros, pois não circulam carros em Zermatt, o mesmo de onde avistei as duas moças de vestido amarelo, e por mais coincidência, elas estavam no mesmo ponto, só que dessa vez um vestido laranja um pouco mais curto e estavam cantarolando em italiano( em Zermatt se fala alemão), percebi ao chegar mais perto que eram gêmeas, eu insanamente as interrompi e fiz a minha “domanda” sobre onde ficaria algum lugar que poderia fazer xixi, pois não avistei banheitos ou grandes locais com construção robusta. Elas apontaram na direção dos silos de lavanda, onde haveria segurança e sem avistamentos de quem passava na estrada. Voltei pro carro aliviado e o Stephen perguntou com quem eu estava falando, eu rapidamente disse que falava com as moças que colhiam as lavandas e me despedira com o famoso z”ciao”. Ele assustado perguntou: que lavandas? Onde? Que campos? Que plantação é essa no inverno? Que moças? E começou a acelerar o carro em direção à primeira curva da descida do monte e eu olhei pra trás e só avistei uma imensidão branca no lugar de onde havia depositado meus últimos dejetos líquidos… Ciao!

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