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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

Drogas e a violência da omissão generalizada vigente no Brasil

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publicado em 12/03/2024 às 07h00
atualizado em 11/03/2024 às 13h25

 

As últimas pesquisas realizadas no Brasil têm atestado que a maior preocupação da população é com a violência. É incrível que aspirações outras, como saúde e emprego estejam sendo colocadas em segundo ou terceiro planos. Isto é uma prova do quanto é grave o problema da insegurança hoje reinante no país.

Autoridades nacionais em segurança pública têm declarado exaustivamente que o principal fator impulsionador desta violência é o tráfico ilícito e o uso indevido de drogas legais e ilegais.

Por sua vez, a Organização das Nações Unidas, atesta que o aparelho repressor do Estado, ou seja, todas as polícias juntas, só conseguem apreender no máximo, 10% do montante das drogas ilícitas em circulação.

O pior é que, mesmo sabendo que este é um problema que tem preocupado toda sociedade, é notória a ausência de políticas efetivas sobre drogas no Brasil, especialmente no que se refere à educação preventiva, desestimulando o consumo destas substâncias e ao tratamento de dependentes químicos; muito se promete, mas pouco se faz.

Na maioria dos casos as poucas políticas preventivas e de cuidado com os usuários e dependentes que existem no país são por iniciativas pessoais de alguns profissionais abnegados, grupos de mútuo ajuda, igrejas de crenças diversas e ou instituições filantrópicas, e quase nunca por ações de gestores públicos, que institucionalmente têm o dever de fazer, mas não o fazem. E assim sendo, as poucas estratégias implantadas, acontecem de forma estratificada, com quase nenhum planejamento ou embasamento científico, além de acontecerem de forma descontínua.

Com isto, não resta dúvida que a principal dificuldade que a sociedade brasileira enfrenta no que diz respeito ao uso prejudicial de drogas e no enfrentamento ao tráfico ilícito destas substâncias é a gritante e nefasta omissão que reina nas três esferas governamentais, e também em grande parte da sociedade civil organizada. Há sempre um discurso bem planejado de transferência de responsabilidades. Mas, todos sabemos que esta causa é de responsabilidade de todos nós e, em especial, do poder público.

Diariamente assistimos os discursos cuidadosamente ensaiados de políticos e gestores que prometem se empenhar no enfrentamento deste problema, especialmente em épocas de campanhas eleitorais, mas passado o pleito nada acontece, e o problema cresce a cada dia.

Sempre que a imprensa divulga uma tragédia ou fato grave de violências relacionadas ao uso ou tráfico de drogas, incontinenti surgem muitos destes personagens da política se prontificando a trabalhar e a investir nesta área, mas logo que o acontecimento deixa de ser manchete na mídia, tudo fica como antes. E assim sendo, o número de usuários e dependentes químicos continua a crescer em escala geométrica, locupletando os traficantes e consequentemente as organizações criminosas, tornando-as cada vez mais poderosas e violentas.

Portanto, a continuarmos todos paralisados nesta interminável e nefasta omissão em que o Brasil teima em permanecer “deitado eternamente em berço esplêndido”, caminharemos inevitavelmente a passos largos rumo ao porto da insegurança e da escravidão do uso indevido de drogas.

 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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