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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Lepidópteros 

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publicado em 03/03/2024 às 16h04
Realmente tenho notado que o mundo mudou mesmo. No apartamento onde habito há sinais de penas de pássaros agora. Aqui é alto e não vinham passarinhos até aqui, só avistava aves maiores como o temível carcará e o tolo urubu em voos rasantes nas janelas do apê. Agora houve uma infestação de borboletas, lindas, de vários tamanhos e formas. Fico horas seguindo seu voo, nada mais confortante numa cidade calma como a nossa que tem sido testada constantemente com trovoadas históricas, tornados apocalípticos, chuvas sem precedentes e bólidos desafiadores, fenômenos que os mais antigos moradores desconheciam até então. Pois bem, estava muito feliz com a visita de um rouxinol por aqui e mais ainda com o meu observatório particular de mariposas e afins. Certa noite, acordei com uma coceira chata atrás da orelha, voltei a dormir e achava que estava tudo bem. Só que não, na manhã seguinte fui ao espelho reconferir minhas rugas e manchas solares amigas e eis que me deparo com brotoejas avassaladoras na minha pele do troco e acima. Liguei rapidamente para o consultório médico e fui de encontro ao dermatologista. Após muita pesquisa e perguntas ele fala que aquilo parecia muito com alergia a lepidópteros – rapidamente falou mais fácil e disse que eu estava provavelmente com dermatite da mariposa que é justamente uma reação alérgica às cerdas eliminadas pela mariposa, da espécie Hylesia, no momento do voo, caracterizada por lesões e coceira. As lesões duram até 15 dias e são caracterizadas por carocinhos vermelhos que causam coceira intensa, geralmente no pescoço, braços e mãos. Fui sorteado, bingooooo! Comecei a fechar portas e janelas cedo e apagar mais as luzes que atraem algumas espécies noturnas. Tratei-me bem e após a cura, fico admirando os lepidópteros de longe nos jardins alheios que por sinal estão cheios deles ainda. Confesso que me faz falta a admiração de perto, mas estou alimentando os rouxinóis.

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