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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Caros amigos,

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publicado em 06/02/2024 às 07h00
atualizado em 06/02/2024 às 05h09

Acreditem em mim quando digo que não tenho escolha a não ser incomodá-los com esta história… porque a história não merece e porque vocês, queridos amigos, são os únicos que podem sustentá-la. Talvez algum de vocês verá isso melhor do que eu.

Sai de casa a pé, sábado passado para brincar  poucos minutos no Bloco Baratona, do doutor Marcos Pires – com uma garrafa d´água no bolso da frente e coloquei o celular no bolso de trás da bermuda, coisa que eu nunca faço. Ainda na esquina da avenida Miguel Sátiro, que fica na frente da minha rua, encontro um morador com o cachorro e o cumprimento.

Nesse instante, para um elemento numa moto com a arma em punho, toma o celular do meu amigo. Fiquei sem ação, tirei a agua do bolso para mostrar ao bandido que  eu não tinha nada bolso, mas nas mãos. O cara foi embora, meio nervoso. Em fração de segundos.

A indignação, a revolta e a tristeza deforma a cara de um cidadão que é assaltado a mão armada. Digo a mim mesmo que não vale a pena desistir da vida, menos ainda diante de um fato tão estupido como esse.

A vida toda escuto falar que alguém foi assaltado, mas a gente pensa que não acontece com a gente. Quando o ladrão foi embora, abracei o amigo e fui com ele até seu prédio. Ele parecia que tinha levado um tiro. Essa cena original, mostra o quanto nos falta segurança.

Voltei para casa, peguei o carro e fui para Baratona. Ali mesmo desapareceu minha alegria, bem desse jeito. Não é fácil tirar da cabeça a imagem de uma arma, apontada.

Ninguém aguenta mais saber dessas coisas, mas essa carta é para meus caros amigos.

Sinto muito por incomodar cada um, mas sei que entenderão o relato e o desconforto.

De noite fiquei pensando, ou foi tombo navio, ou foi o balanço do mar.

Um abraço grande, K.

Kapetadas

1 – É preciso admitir: os mortos são muito bons em esconde-esconde.

2 – Bloco de Carnaval. Local onde se furta celulares individualmente ou em bloco.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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