Até hoje, não entendemos o motivo que nos fez ir embora uns da vida dos outros, talvez tenhamos chegado ao limite das brigas. Brigas sem fim no grupo de WhatsApp da família é desesperador. Tudo começou com meu primo falando que seu cachorro da raça Shitsu adorava cenoura. Daí a tia nariguda disse que a cenoura tinha que ser cozida, mas Júlio falou que dava crua e ralada mesmo. A Ivone interpelou dizendo que o seu York adorava milho em conserva. Imaginou a confusão no grupo? Rejane disse que ela estava matando o animal aos poucos, pois a pressão ia subir sem fim e que a única coisa saudável para pet era coco in natura ralado como lanche da tarde. Renata disse que o gato dela quando comia coco ralado tinha diarreia, Renan logo falou que ela não se metesse no assunto, porque o assunto era comida de cachorro que ela não tinha lugar de fala, pois só sabia de felinos, mas Rita foi em defesa da cunhada dizendo que as pessoas falam o que quiserem e que a “cunha” só estava fazendo um alerta sobre intolerância alimentar e nada tinha a ver a intolerância humana. Daí Dione, namorada do Renan, disse que na sua casa tem oito poodles e que sua veterinária liberou abobrinha e que faz o maior sucesso, principalmente porque o lanche vem em cubos retirados da geladeira em dias de calor. Paulo pediu calma a todos dizendo que cada cão é um caso e que seu salsichinha tem 14 anos e adora café com leite condensado e nunca passou mal nesse tempo todo de vida longa. Temístocles seu irmão disse que todos ali eram loucos, que nunca criaria um pet, uma criatura suja que vive de pés descalços, rapidamente, por consequência, foi alfinetado pelas gêmeas Clara e Nana( os mais íntimos a chamam de Gema) por fim Armando disse que estava uma animosidade tremenda no grupo sem nem sequer saber o porquê de tanta rispidez, talvez não tinham mesmo que saber qual o verdadeiro motivo, pois uma “cenoura” não poderia causar tanto estrago assim na família inclusive terminar com mensagens privadas calorosas e destruidoras das condutas pessoais dos envolvidos. Detonou uma bomba em todos, sem exceção e exigiu que cada um voltasse tranquilo para sua vida de merda e que era impossível a convivência em grupo e disse ainda que doeu ouvir tanta lamúria e baixaria por uma bobagem e que iria embora e se retirar sem sequer ter um motivo grave, mas que o universo soube fazer o que foi feito, retirando as máscaras de cada raposa infantil e de comportamentos tóxicos dali. Nesse momento da retirada, uma avalanche de elogios invade a digitação conjunta e se lia: – Ah, não, isso nunca fomos – Ué? Somos vida! – Sugiro mais amor pra ele pro grupo! – Gente aqui é só ensinamento e evolução… – Amo cada um de vocês! – Ai meu Deus,  nem deu tempo de falar que dou sorvete napolitano pro “Bruce”… E começou tudo de novo! 

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