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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Inês

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publicado em 04/01/2024 às 17h56

 

Tinha cara enfezada e um olhar que dava medo. Mas me disseram que era bom no que fazia e, mesmo temeroso, decidi contratar seus serviços. Como bom profissional, não me perguntou quem era a pessoa, o que fazia ou por qual motivo eu o estava contratando. Bastava que o pagasse e o trabalho seria feito. Acertamos o preço. Falou que confiasse nele, pois nunca decepcionara nenhum cliente.

Eu tinha urgência e pedi que o serviço fosse feito imediatamente.  Ele me lançou aquele olhar amedrontador e, quase sem abrir os lábios, disse só amanhã. Não sei de onde busquei coragem para reforçar minha pretensão: gostaria que fosse hoje. Saiu sem despedida. Pensei ainda em desistir do que fora contratado. Não deu tempo.

No dia seguinte, a manchete: mulher assassinada na porta de casa.

Era tarde. Inês estava morta.

Texto escrito em 16.12.2023. Tema: gostaria que fosse hoje. Clube do Conto da Paraíba.

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