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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Os rios nos levam

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publicado em 21/11/2023 às 07h00
atualizado em 21/11/2023 às 06h55

Coragem. Onde andará meu cão Dorival, tão bonito, caramelo e olhos verdes. Um dia ele sumiu e reencontramos um cachorro apaixonado por uma cadela chamada Pretinha, que vivia no estacionamento do Supermercado Primo, bem perto da casa da gente, onde hoje é o Pão de Açúcar.

Morreu atropelado, de frente ao supermercado.

Ouço o coração, sinto bater.

Meu pai tinha uma cachorra branca com pintas marrons, não lembro o nome dela. Era linda, grande, vivia no muro do Jatobá Clube, porque minha mãe não queria a cadela em nossa casa. Como a gente cede pelas mulheres da gente, pelo amor delas, sem precisar maltratá-las, jamais.

Eu não vou estar arrependido de ter vivido, ter amado pessoas, mas aprendi muito mais com os cães, eu sei. Eles chegam a ser insuportáveis por nos amar demais. Eu fico triste com a natureza humana, a arrogância, intolerância, o disse-me-disse.

Erámos felizes.

Quando meu filho era garoto assisti com ele várias vezes o filme “O Pequeno Stuart Little, um filme animado estadunidense de 1999, comédia e aventura, dirigido por Rob Minkoff. Stuart Little conta a história de um ratinho animado, adotado pela família Little, que passa a enfrentar as divergências do gato da família, chamado Snowbell.

Quando Dorival morreu, ganhamos um perdigueiro lindo e colocamos o nome dele de Snowbell. Era elegante, charmoso, o mais educado impossível. Já era um rapaz, quando foi roubando, pela primeira vez.

Dois meses  depois, ele fugiu e voltou para casa. As batidas no portão, o dia amanhecendo era o nosso cão de volta. Tempos depois, roubaram novamente e dessa vez, não voltou mais.

Os rios nos levam, levam e lavam tudo – amores, amigos, gatos e sapatos.

Onde eu posso me encontrar, encontro abrigo, eu fico, eu sigo, eu também tenho faro, eu sei encontrar, me encontrar e me refazer, mas não sei até quando.

Cansa minha cabeça gente que repete as conversas. A cabeça batuca, eterno perdão, mas perdão de quê, pra quê?

Voltei a caminhar de madrugada –  chego no mar encontro poemas nas mãos de idosos com seus cães, são passageiros da melancolia, quase invisíveis, para o que mais não sei.

É isso, aprendo com os cães e desaprendo com os homens. Sou levado até o leito do rio. Haverá alguém do outro lado? A essa altura?

Kapetadas

1 – Cama não precisa arrumar, né?

2 – Tão feio que é um crime ter duas caras

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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