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Professor universitário
Graduação em Comunicação Social/UEPB
Extensão Acadêmica em Relações Internacionais/PUC PERU
Especialista em Gestão Pública/IFPB
Mestre em Ciência da Informação/UFPB
Doutorando em Ciência da Informação/UFPB
*Coluna: Política internacional*

Por que a eleição da Argentina interessa a todos nós?

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publicado em 16/11/2023 às 16h40

Para além da rivalidade que guarda elementos históricos e culturais, o brasileiro sempre teve um verdadeiro fascínio pelos argentinos. Nas copas do mundo, os jogos de nossos “Hermanos”, geralmente é a segunda maior audiência no torneio. Além disso, é a Argentina o segundo destino mais procurado pelos brasileiros no exterior, perdendo apenas para os Estados Unidos. E o mais importante, a Argentina é um de nossos principais parceiros econômicos. Em 2022, o Brasil exportou mais de 15 bilhões para nosso vizinho mais ilustre, registrando um saldo positivo de 2,2 bilhões no comércio bilateral.

Tal panorama fundamenta a grande cobertura da imprensa brasileira e a curiosidade de grande parte das pessoas pelo segundo turno que ocorrerá no próximo dia 19 de novembro. É a disputa mais acirrada dos últimos 40 anos e que terá grandes reflexos na conjunta política sul-americana.

Uma vitória do Sergio Massa, candidato da situação, representará a solidificação do pêndulo ideológico que nos últimos 06 anos inclinou o continente à esquerda, com as vitórias de Andrés Manuel López Obrador no México, Gustavo Petro na Colômbia, Gabriel Boric no Chile e Lula no Brasil, apenas para citar os maiores PIB da região. Já o êxito do “anarcocapitalista” Javier Milei, poderá suscitar uma ruptura sem precedentes nas relações com o MERCOSUL, em especial na costura do tão sonhado acordo com a União Europeia.

Mas, por que essa eleição é tão emblemática?

A pobreza hoje atinge cerca de 40% da população argentina, ademais, a inflação anual já passa dos 112%, corroendo o poder de consumo das famílias. Some-se a isso a desvalorização do câmbio e a insuficiente reserva em dólares do Governo. Esse cenário que se iniciou ainda em 2012, agravou no governo de Macri (2015-2019) e ganhou contornos ainda mais dramáticos na gestão de Alberto Fernández, atual presidente que devido a astronômica impopularidade, resolveu por não disputar a reeleição.

O fato de a “balotaje” posicionar visões de mundo tão diametralmente opostas acerca de quase todos os temas que afetam o cotidiano de mais de 45 milhões de habitantes, torna a reta final tão intensa e imprevisível. De um lado, Milei e o discurso antissistema que encontra adesão entre um eleitorado mais jovem e entre aqueles que não mais acreditam no establishment político, por achá-lo repleto de privilégios e que navega em corrupção. Do outro, Sergio Massa, que mesmo representante de um governo impopular, detém a força inequívoca do peronismo, que ecoa ainda com bastante capilaridade nas massas.

Nos últimos dias, a boa performance no debate e a convergência de setores importantes da sociedade como artistas, clubes esportivos e intelectuais vitaminaram a campanha de Massa que tem reiterado a ameaça que o oponente representa, em especial na possibilidade de cortes de subsídio e a privatização da educação pública.

O plano ultraliberal e aos ataques contra o Papa Francisco, muito querido entre a população mais pobre, tornou o eleitor de centro refratário a Milei, que viu seu apoio corroer entre as prévias e as eleições do primeiro turno, terminando em desvantagem.

De todo modo, com pesquisas indicando lideranças alternadas, é possível que nos deparemos com um resultado que se assemelha às eleições presidenciais de 2022 no Brasil. O maior desafio do novo Chefe de Estado que tomará posse em 10 de dezembro, será construir um grande pacto suprapartidário que recupere a economia e a confiança do investidor internacional.

Como bem lembra Júlio César, “Alea jacta est” (a sorte está lançada)!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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