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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Elis volta como uma imagem

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publicado em 03/10/2023 às 07h00
atualizado em 03/10/2023 às 10h15

Não seria uma carta, o modus operandi, talvez.

Depois que vi Maria Rita cantar no Teatro Pedra do Reino, fiquei novamente a pensar em Elis, como uma imagem. A maior cantora brasileira.

Elis morreu à nossa volta, feito os deuses que nem se despedem. Elis se foi tão cedo, com 30 e seis anos, em 1982.

A voz de Elis ecoa, no canto de Milton Nascimento: “Feminina voz do cantor”, “sem as vozes que ele ouviu, quando era aprendiz, como pode sua voz ser uma Elis”

A semana passada fui ouvir os discos de Elis Regina, anos 60 e 70, primorosos, que tenho em duas caixas. Fiquei mais tocado a ouvir novamente a interpretação de “Black is Beautiful”, de Marcos Valle e Paulo Sergio Valle.  Essa canção ela canta além dos limites humanos.

A interpretação de Elis é divina. É ela e mais ninguém.  E ela repete “Black is beautiful, black is beautiful Black beauty so peaceful I wanna a black I wanna a beautiful” numa fúria de quem sabia que a música é uma “arma quente”, diante da brutal violência de policiais brancos e negros, hoje mais do que nunca, matando pretos publicamente aqui, no mundo todo.

Uma voz  seminal que o mundo ainda precisa ouvir, a voz de Elis, nos nossos sentidos, sustenidos e bemóis, como o gozo de quem ainda canta, como pode ser a voz de uma Elis.

Rompendo tudo, provocando a vida e a vida nessa tempestade, parece que dela não haveremos de escapar. Uma Elis em todo lugar.

A voz de uma mulher,  muitas canções, rasga a voz e a carne e sempre esbarra em nós, que ainda amamos Elis, tão jovem, ou Gal Costa, que perdemos num amanhecer sem luz. daquele novembro de 2022.

Esse rapto instante, o momento de glória que lembrei da imagem de Elis,  sobretudo na performance da filha Maria Rita, outra forma de cantar, toda a imagem de uma mãe, Elis

Eu sou homem privilegiado, pelos discos que tenho, os discos de Elis, que causam em mim essa alegria de morar na cidade, numa quase casa de campo, com meus amores, amigos, meus livros e nada mais.

Kapetadas

1-  A mão na consciência ou o pé no freio?

2 – Todo brasileiro carrega a sensação de já ter estado no Titanic.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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