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Hamilton de Holanda lança novo álbum com participação de pianista paraibano

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publicado em 06/05/2023 às 11h52
atualizado em 06/05/2023 às 18h16
Hamilton de Holanda, Salomão Soares & Big Rabello

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos – Dani Gurgel

Hamilton de Holanda trabalha todos os dias com a música, sua arte, sua vida, sempre focado no inusitado, e toda essa novidade é para levar o som brasileiro a um universo maior, por onde ele passa como instrumentista, arranjador e compositor. HH tem uma discografia que soma seu nome no mundo.

Hamilton de Holanda lançou seu novo álbum “Flying chicken”, o trabalho foi, em boa medida, moldado pela pandemia, a começar pela formação que deu vida às músicas, com teclado e bateria acompanhando o bandolim do artista.

Hamilton é cultura nossa. É a nossa cultura brasileira. O artista, bandolinista premiado, vencedor do Grammy, cidadão dos palcos, tem boas parcerias internacionais e nacionais de sucesso,

Por que Flying chicken? Ora, o nome do disco, é o nome de uma das músicas do repertório que representa a concepção deste álbum A música foi feita em 2022, inspirada por um personagem que faz parte da história do artista, Ricardo ‘Frango’, o técnico de som que acompanha Hamilton de Holanda desde a década de 1990. Além do bandolinista, o álbum conta com o paraibano, Salomão Soares nos teclados e Thiago ‘Big’ Rabello na bateria.

Hamilton vez em quando está no Instagram (@hamiltondeholanda) trazendo novidades, um operário das melodias fascinantes, de um artista que realmente faz a música crescer na sua vida, na vida das pessoas envolvidas nos projetos e de todos que estão ouvindo o novo o álbum.

Resumindo – Flying Chicken é jazz, choro, groove e uma infinidade de sons e interpretações. Segue o som e estude mais Barulhinho do Trem, Becauser Of Our, Paz no Mundo, Endlessly, Erezin e o Som Vai Conduzir.

Essa é a quarta vez que Hamilton de Holanda conversa com o MaisPB e sempre com novidades para os leitores e fãs

MaisPB – Ei, Hamilton, como é que você tem coragem de dizer: “vamos dar uma respirada” e logo em seguida vem um som potente?

Hamilton de Holanda – Então, é para tomar um ar e poder tocar a galinha voadora.

MaisPB – O álbum instrumental “Flying Chicken”, é amplo e em mais uma parceria com Marcos Portinari?

Hamilton de Holanda – Na verdade, desde de 2005, todos os discos que faço, ele é produtor, junto comigo.

MaisPB – Essa canção, Sol e Luz, a segunda faixa, tem uma sonoridade intensa e começa com as palmas. Fala aí, HH?

Hamilton de Holanda – Eu sempre gosto de colocar esses elementos que são reconhecidos e populares, o som da palma. Toda música ela tem uma clave rítmica, que a gente pode bater só com a palma da mão. E essa música, ela tem um ritmo que não é comum, que tem sete tempos.

MaisPB – Como assim, sete tempos?

Hamilton de Holanda – Quando eu bato a palma é para situar o ouvinte no que é mais básico na música, que é essa clave rítmica. Ela tem o espírito do jazz, em entronização. E ao mesmo tempo se você reparar o bandolim, nas primeiras duas vezes, eu faço uma melodia que ela é bem longa, é quase como se fosse um estilo do hip hop instrumental, tocado só pela melodia do bandolim.

MaisPB – Esse álbum é bem diferente e vai explodindo nos continentes…

Hamilton de Holanda – Deus te ouça.

MaisPB – A terceira faixa “Barulhinho do Trem”, o tema e a composição lembram Jobim, estou certo?

Hamilton de Holanda – Então, deixa eu te contar uma história. No meio da pandemia, ficamos sem fazer shows, por um bom tempo. Abriam as coisas e depois fechavam. Numa dessas aberturas, que foi logo a primeira, eu recebi um convite para fazer um show em Curitiba. Pediram que eu montasse alguma coisa que fosse temática. Ai eu pensei em fazer um show só com música de Tom Jobim.

MaisPB – Você havia me dito isso…

Hamilton de Holanda – Eu preparei o repertório, eu chamei o ‘Big’ Rabello, que é o baterista e que é dono do estúdio onde nós gravamos e foi ele que gravou como técnico de som no meu disco anterior, o Harmonize e outro músico que é paraibano, Salomão Duarte, que é de Cruz do Espirito Santo, residente em São Paulo.

MaisPB – Como você o conheceu?

Hamilton de Holanda – De ver ele tocar na Internet. Eu o convidei para fazer esse trabalho. Houve uma emoção muito grande porque, não podíamos tocar juntos, por conta do delay. Então, cada um no seu canto e quando a gente contou 1, 2 3… começamos a tocar e bateu juntinho, foi incrível, nesse ensaio foi uma emoção danada. E era o repertório exatamente de Jobim.

Hamilton de Holanda, Salomão Soares & Big Rabello

MaisPB – Então, esse trabalho, tem esse tom que lembra Jobim?

Hamilton de Holanda – Sim.

MaisPB – Tem algo inovador, na bateria de Big Rabelo, nessa canção, que parece um sapateado, né?

Hamilton de Holanda – É verdade. Esse som vem dele, do baterista, ela tem aquela baqueta da bateria e aí toca. A caixa que fica praticamente no colo dele, ele toca no ar. Então, o som dá essa sensação de um sapateado, como você falou ai

MaisPB – Becouse Of Our Strong Love, é tão bonita, o piano rouba a cena…

Hamilton de Holanda – É o Salomão Soares, o paraibano. E vou dizer a você, ele está para mim como um dos melhores pianistas brasileiros da atualidade, sem dúvida. Ele tem muita sensibilidade, um talento especial e eu fico muito admirado, ele vem de uma cidade pequena, Cruz do Espírito Santo, ele não tem trinta anos. Essa canção, na verdade, eu não fiz no piano, fiz no violão, então a parte que o piano faz, ela domina música.

MaisPB – Outro dia vi você tocando com Mestrinho, cantando com ele…

Hamilton de Holanda – Ah, foi numa apresentação que virou um DVD, um audiovisual, que se chama “Canto da Praia”, e fomos indicados pelo Grammy Latino . Eu fiz esse que você falou ai, sábado em São Paulo, na Casa Natura.

MaisPB – Nessa apresentação vocês cantam juntos…

Hamilton de Holanda – Sim, cantamos “Eu te Devoro” de Djavan, Me Faça Um Cafuné, um xotizinho que Dominguinhos cantava.

MaisPB – A quinta faixa, “Paz no Mundo”, que é uma canção que nos envolve nessa esperança sem fim?

Hamilton de Holanda – Na realidade essa música, quando eu compus, eu fiz pensando num coral, quatro vozes fazendo, ai depois eu achei que ficaria legal no bambolim, ia ter um efeito legal, ia diminuir o tamanho da canção e, ao mesmo tempo ia fazer ela ficar maior, porque o bandolim tem essa coisa orquestral e eu achei que nesse momento do mundo e eu estou sempre pensando nisso, da minha maneira de colaborar pra boa convivência, da convivência colaborativa dos seres humanos, fazendo as pontes entre as culturas, a cultura brasileira, espanhola, a francesa, a cultura americana. Eu trago isso dentro da minha música. Desse sempre.

MaisPB – Mas estamos em guerra, né?

Hamilton de Holanda – Sim, Essa interminável guerra da Ussia e Ucrânia, aquilo me deu uma vontade de transformar em música. Ela veio com esse sentimento de uma busca incessante, pela paz.

MaisPB – Sim, nessa canção a gente consegue sentir a paz…

Hamilton de Holanda – É verdade mas seria inocência da minha parte achar que não existiria guerra, o que a gente tem que fazer é encontrar uma maneira, de acabar com situações do dia a dia, que podem aumentar e virar um problema maior. Ou seja, nossamúsica, esse vai e vem, essa que é a vida da gente, uma hora a gente está nervoso, está triste, e outra hora a gente está mais em paz, mais feliz. A música, como diz você, termina na paz

MaisPB – Essa sétima faixa Erezin, os instrumentos estão todos velozes…

Hamilton de Holanda – Essa canção, eu fui buscar inspiração nos afrossambas, de Baden e Vinicius de Moraes, que fizeram história com essa series de músicas, esse violão valente do Baden, Então, essa música eu quis passar a mesma coisa dos ambas.

MaisPB – A oitava canção, segue esse mesmo ritmo…

Hamilton de Holanda – Sim, porque quando eu compus o “Som Vai Conduzir”, antes de ter esse nome, o nome que dei para essa música era “Novo Afrossamba” – ai mandei para Xandre de Pilares, ele colocou uma letra e tem essa frase – “o som vai conduzir” e ficou assim.

MaisPB – Vamos voltar para a primeira canção do disco – Flying Chicken , a que tem aquele respirada…

Hamilton de Holanda – A ideia é que a música traga dentro dela, não só a questão das notas, mas com um bom humor. O título, na verdade, é o frango, o cara que trabalha comigo, o técnico de som, meu amigo há muitos anos – valiosíssimo, ele voa mesmo, bem alto.

Hamilton de Holanda, Salomão Soares & Big Rabello

MaisPB – E os meninos, seu filho e sobrinho, que andaram tocando com você na pandemia?

Hamilton de Holanda – Meu filho está tirando acordes do violão, aprendendo as músicas do Djavan, meu sobrinho está tocando bandolim com meu irmão, fazendo apresentações lá em Brasília. O Gabriel meu filho, e o Bento meu sobrinho me deram a sorte de estarem presentes no meu disco Maxixe Samba Grouve. Eles são peças fundamentais na minha evolução.

MaisPB – Seria bom um disco você tocando com Djavan?

Hamilton de Holanda – Eu amo a música de Djavan e quando eu tiver fazendo o disco você está entre os primeiros a saber.

MaisPB – Vai tocar Flying chicken nos concertos mundiais?

Hamilton de Holanda – Estou indo para indo Europa e em maio para Suíça, depois França, Bélgica, Turquia, Azerbaijão Alemanha e tem alguns shows já marcados em São Paulo e Brasília.

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