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Kubitschek Pinheiro – MaisPB
Fotos João Diniz
Do Clube da Esquina, Lô Borges é o único que vem lançando discos anualmente – Os dois anos de isolamento social imposto pela pandemia multiplicaram a criatividade do artista. Borges acaba de lançar “Não Me Espere na Estação”, o quinto álbum inéditas, com letras do cantor e compositor César Maurício.
“Não Me Espere na Estação” traz o vigor de novas composições de guitarra em letras contemporâneas e a expertise de Lô e César, este já se apresentou em parceria com grandes nomes da música paraense, como Nilson Chaves e Eudes Fraga, e se mantém como ídolo de outros tantos, músicos ou não. Ele e Borges já haviam feito parceria nos discos “Um Dia e Meio” (2003) e “BHANDA” (2009).
O novo trabalhou antecipa “Rio da Lua” (2019), com letras de Nelson Angelo; “Dínamo” (2020), com de Makely Ka; “Muito Além do Fim” (2021), em parceria com o irmão Márcio Borges; e “Chama Viva” (2022), com letras de Patrícia Maês. Os três últimos mencionados foram compostos durante a pandemia e, com o novo lançamento, Lô ainda teria um sexto disco em produção.
Lô Borges (voz e guitarra) sons de guitarras, efeitos e pedais, assinando a direção musical sozinho e a coprodução musical com Henrique Matheus (guitarras) e Thiago Corrêa (contrabaixo, teclado e percussão). Ainda, a gravação contou com Robinson Matos (bateria).
Clube da Esquina
Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta e Milton Nascimento se juntaram em 1972 fizeram o disco ‘Clube da Esquina’. O Lô Borges apareceu com o Beto Guedes vencendo um festival da canção com ‘Feira Moderna’, letra de Márcio Borges, irmão de Lô. LB é fantástico, um violonista excepcional, compositor. A discografia dele tem raridades ‘A Via-Láctea’ (1979) ‘Vida Cigana’ (1982) é maravilhoso. O ‘Disco do Tênis’ é fantástico”.
Em entrevista ao Portal MaisPB, Lô Borges fala do disco, da produção diária, do Clube da Esquina e de muitas esquinas onde sua voz chega.
MaisPB – Sua produção não para. Agora lançando “Não Me Espere na Estação” com inéditas, numa parceria com o letrista César Maurício. Como aconteceu?
Lô Borges – Eu venho num processo longo, “Rio da Lua” (2019), com letras de Nelson Angelo; “Dínamo” (2020), com Makely Ka; “Muito Além do Fim” (2021), letras de meu irmão Márcio Borges; e “Chama Viva” (2022), com Patrícia Maês. Eu sou um cara que componho o tempo todo, eu gosto de estar no estúdio, gravar um disco novo. A minha profissão é uma efervescência criativa.
MaisPB – As canções e os arranjos já estavam prontos…
Lô Borges – Sim, eu compus para guitarra, que eu não fazia há anos. Eu adoro guitarra. Quando sentei, e fiz a primeira, a segunda, pensei vou chamar o César Maurício que é um cara da linha do Hard Roper, dos anos 80, do Punk Rock e até digo entre “aspas” – é um roqueiro, um grande poeta e acertei nas escolhas.
MaisPB – As canções desse disco novo nos remetem para os anos 80, né?
Lô Borges – Na verdade, tem um elo que nos liga com a música que eu fiz no passado e a que faço nos dias de hoje, que é a minha identidade como compositor. Eu posso fazer um disco só com órgão de igreja, que estará lá o DNA que está no compositor Lô. Com esse agora não foi diferente, mesmo tendo sido feito com instrumentos que eu não usava há muitos anos, a guitarra, que ficou com uma sonoridade mais pesada e eu gostei do resultado. Desde criança que eu era um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones.
MaisPB – A guitarra deu um tom especial ao disco?
Lô Borges – Sim, eu gosto de trabalhar com o trio Henrique Matheus (guitarras) e Thiago Corrêa (contrabaixo, teclado e percussão). Ainda, a gravação contou com Robinson Matos (bateria). Eles entendem perfeitamente a minha composição, seja fazendo um disco de órgão, ou de guitarra.
MaisPB – A canção “Constelação”, a terceira faixa, tem uma pegada dançante?
Lô Borges – Sim. Esse cara é demais, uma parceira que eu tenho orgulho, muito querido. Desde 2003 que estamos juntos, mas em 2009 ele tinha feito um trabalho comigo.
MaisPB – Tem alguma canção que você gosta mais nesse disco?
Lô Borges – Eu não conseguiria apontar qual letra gosto mais, qual música nesse álbum e nos anteriores também. Quando eu componho e chegam as letras, já está aí a unidade do disco, porque muitas vezes eu fazia um disco com três, quatro letristas. De cinco anos para cá estou fazendo só com um letrista. É difícil qual letra eu gosto mais. Já o César Maurício, gosta mais de Flutuar – (quinta faixa)
MaisPB – Flutuar é uma canção que viaja com a gente…
Lô Borges – Sim, é uma canção forte e muito bonita.
MaisPB – A canção que fecha o disco “Setentões” é instrumental...
Lô Borges – Para encerrar o disco compus instrumental, que eu costumo dizer que as músicas descrevem órbitas. Essa música eu comecei a fazer em 1971. Só tinha uma parte e eu deixei ela sumida. De repente, eu estava compondo na guitarra e me lembrei desse tempo, dos anos 70 e inventei uma segunda parte. É incrível a música é tão mágica, que me dá oportunidade de encontrar comigo mesmo.
MaisPB – Aliás, essa música tem uma homenagem?
Lô Borges – Ela é para homenagear Jimi Hendrix, que eu ouvia muito quando era mais garoto, a segunda parte da música) veio de súbito, espontânea. É essa coisa de lidar com canções, tipo lembrei por lembrar. Ela se chama Setentões porque simboliza a atmosfera dos anos 70, além dos guitarristas, tem os meus 70 anos que completei o ano passado.
MaisPB – Como você viu, sentiu, a emoção de estar todos juntos lá com Milton Nascimento, no Mineirão, no encerramento da turnê A Última Sessão de Música?
Lô Borges – Aquilo foi muito maravilhoso, foi uma emoção grande. O Milton foi o cara que me levou para música. O primeiro artista que gravou uma música minha – Para Lennon e McCartney”, com letras de Márcio Borges e Fernando Brant. Eu tinha 17 anos quando compus essa música. Ele gravou em 1970 e foi sucesso total na carreira dele.
MaisPB – E logo veio um convite de Milton, para você gravar o disco o Clube da Esquina, né?
Lô Borges – Sim. Eu fui chamado para ser coautor do álbum, dividir o disco, mas a gravadora no primeiro momento não queria que Milton, já famoso e consagrado, dividisse o álbum com um ilustre desconhecido chamado Lô Borges, um adolescente de Belo Horizonte.
Lô Borges – Mas rolou, né?
Lô Borges – Ele (Milton) disse que não aceitaria e trocaria de gravadora. Mas fizemos o disco. Bituca sempre esteve muito presente na minha vida, eu participei nos últimos anos das três últimas turnês d
MaisPB – Esse disco vai sair físico?
Lô Borges – Só nas plataformas. Meus discos eu pago tudo. Essa coisa de CD físico é só para colecionador. As pessoas não tem mais onde ouvir o CD. Os computadores não tem mais a janela de ouvir o disco.
MaisPB – As pessoas comentam Lô Borges não vem mais à Paraíba, não vem ao Recife…..
Lô Borges – É porque a minha produção é grande, viajo com vinte pessoas comigo. Eu não sou um artista da mídia, sou independente e faço meu trabalho com a maior satisfação. A música e
MaisPB – Cinquenta anos do Disco do Tênis?
Lo Borges – É uma vida. Quando eles ouviram O Girassol dos Seus Cabelos, Tudo Que Eu Podia Ser, eles me ofereceram um contrato no mesmo ano do Clube da Esquina – ai assinei o contrato sem nenhuma música, foi uma loucura. Eu fazia a música de manhã e o letrista à tarde. Esse Disco do Tênis é muito caro para mim, ele fez com que eu compusesse até hoje.
MaisPB Está feliz, Lô Borges?
Lô Borges – Tô feliz pra caramba
Para ouvir aqui https://loborges.lnk.to/
MaisPB
BOLETIM DA REDAÇÃO - 31/10/2024