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Clara Velloso Borges é escritora, professora de literatura e mestranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]  

Elementar, meu caro Watson

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publicado em 18/11/2022 às 07h00
atualizado em 17/11/2022 às 17h12

Mistério sempre há de pintar por aí. Até quando tudo parece certo e os planos aparentam estar encaminhados, algumas perguntas insistem em ficar sem respostas. Não que eu seja sommelier de mistério, mas alguns parecem insolucionáveis. Capitiu traiu ou não Bentinho? Quem mandou matar Marielle Franco? Qual é o verdadeiro final de A Caverna do Dragão? (foto)

Enquanto a humanidade não chega a uma resposta definitiva e arrebatadora, temos que nos contentar com a fantasia do detetive, uma figura esquisita, munida de lupa e de sobretudo xadrez, para quem os rastros sempre levam a respostas. Seria Sherlock Holmes apto para solucionar aqueles mistérios acima?

Holmes é o personagem mais retratado na literatura e na TV. Tem versões galanteadoras, como o de Enola Holmes, que nada se parecem com o personagem escrito por Sir Arthur Conan Doyle. Tem versões mais esquisitas, como a da série da BBC. Tem uma versão até que abandonou um pouco a personalidade vitoriana para desbravar terras tupiniquins, em O Xangô de Baker Street. O personagem é tão popular que desencadeou um efeito Mandela: todo mundo acredita que Sherlock usa o bordão “Elementar, meu caro Watson”, mas não é verdade.

É daquelas frases que entram para a a história por um equívoco. Sherlock Holmes, nas histórias de Conan Doyle, diz “elementar” muitas vezes, assim como se refere ao médico John Watson. Entretanto, a frase que ficou famosa não foi escrita, nessa ordem, em nenhuma história do autor. É curioso que os leitores de um personagem que insiste tanto em prestar atenção aos detalhes não tenham se dado conta disso.

Se os mistérios são encaminhados a Baker Street, algumas certezas também deveriam ser.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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