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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Meu “Job” com Gal

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publicado em 15/11/2022 às 17h01

Lady o que? Gagá? Não,  Lady Gága, a sílaba tônica no primeiro ga, demos muitas risadas num jantar no Bistrô do Jardim em Florianópolis. O Gabriel devia ter uns 6 anos. Ela queria saber do que eu estava ouvindo, quem era a cantora que eu curtia, eu dizia que ela ainda ouviria muito falar na tal da Lady Gagá, risos novamente.

Quando chegamos em Porto Alegre pediu uma churrascaria tradicional daquelas mais antigas, pois queria comer carne feita com esmero por gaúcho de verdade, me lembrou do gaúcho de apelidos alemão ou Chuck Norris para os íntimos, da pousada mais amada de jericoacoara que soube hoje, em jeri, fiquei em choque da partida de mais um amigo. Voltando a Porto Alegre, fomos até lá no tal churrasco tradição. A primeira frase quando me encontrou foi que ouviu muito falar na tal da “Gága”, que eu estava certo, que era uma grande cantora. Eu caí na tolice de dizer que a Gaga era uma nova Cyndi Lauper.

Ela ficou furiosa no seu jeito manso e disparou: “Todo dia inventam uma nova Madonna, dizem que a Britney é a nova Madonna, dizem que Bubblé é o novo Sinatra. Cláudia é a nova Ivete. Todo dia inventam uma nova Gal, a Marisa Monte é a nova Gal, a Vanessa da Mata é a nova Gal. Gente toda cantora tem suas peculiaridades, ninguém é igual a ninguém, ninguém é a nova nada!”

Chegou a picanha e eu, para me desculpar, disse que o rapaz da gerência tinha escolhido a dedo aquela carne para ela e uma maionese especialíssima para acompanhá-la. Ela sorriu com sua eterna boca linda, torneada perfeitamente de um batom vermelho não tão usual quanto o vermelhão dos anos oitenta e voltamos a falar do álbum Recanto.

Um dia, em Balneário Camboriú ela tinha me confessado que estaria conversando com Caetano para fazer um novo disco, nós “dazantigas”, adoramos chamar ‘disco’, por saudades dos LPs de vinil. E foi assim que a convidei para estrear o Recanto no Sul no Brasil e selamos nossa parceria. Depois dessa exitosa cooperação, fui chamado para voltar ao Rio e fui cuidar da volta dos Dzi Croquettes. Gal encantava o Brasil com seu recanto, denso, lindo, original, triunfal e novamente fatal. Foi daí que nos deparamos novamente num show do Recanto único no Circo Voador, Gal amissíssima do Ciro Barcelos, pediu para que ele e a trupe fosse ao show. Foi a última vez que nos abraçamos. São essas memórias que me deixam sempre com um sentimento de dever cumprido e uma estrela da grandeza da Gal, não desencarnou, virou constelação! É assim que prefiro pensar. 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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