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Clara Velloso Borges é escritora, professora de literatura e mestranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]  

E agora, José?

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publicado em 11/11/2022 às 07h00
atualizado em 11/11/2022 às 04h26

O centenário do escritor José Saramago, (foto) falecido em 2010, se aproxima. Começou a vida profissional como torneiro mecânico, mas foi chamado pela sensibilidade das palavras. Longe de ser autor de um sucesso só, o português publicou vasta obra e foi reconhecido por ela, tornando-se o único escritor de língua portuguesa a receber prêmios do mais alto nível.

Algumas de suas obras já nascem clássicas, certas de que serão passadas por gerações, porque dialogam com situações que se repetem. Para as recentes e absurdas teorias da conspiração sobre a legitimidade das eleições, cabe o romance Ensaio sobre a lucidez, por exemplo, em que a maioria esmagadora de um país decide votar em branco. Há um Saramago para cada angústia contemporânea. E agora, José? Diferentemente do poema de Drummond, a festa, para os leitores de José Saramago, jamais irá acabar.

A luz apagou? Em Ensaio sobre a cegueira, uma epidemia de luz branca colapsa uma sociedade, cujos cidadãos precisam se redescobrir como cegos que veem.

O povo sumiu? Não há problema. Lendo As intermitências da morte, ninguém mais desaparece, nem os doentes, os moribundos ou os suicidas.

A noite esfriou? Tome como companhia A noite, uma obra dramática que se passa na redação do Jornal de Lisboa e é quase desconhecida pelo público.

Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta… Há também um livro do Saramago para você, basta procurar.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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