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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Henrique amarelou

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publicado em 11/09/2022 às 08h49

Não tenha vergonha de receber um presente de alguém, nunca ache que você não merece ouvir um elogio de um amigo ou de qualquer passante. Agora, revide a mínima tentativa de te colocar para baixo. Eu tenho um amigo que a vida foi lutar contra a cintura, sim, em tempos de extrema felicidade ele vestia G. Mas da última vez que o encontrei andava vestindo 44, partindo para o GG e mais uma vez convalescia de baixa autoestima! Ele sempre disse que foi um cheinho feliz, mas as pessoas que começaram a encher a cabeça dele de defeitos que ele apelidara de minhocas felpudas. Começou a evitar o espelho! Conta-se que sempre jogou volley na infância, futebol na adolescência e depois de adulto se tornou um exímio dançarino. Para afastar a gordofobia que lhe rondava, procurou ser melhor na escola, nos livros, na matemática, gramática, etc. Era tudo mecanismo de defesa. 

Toda relação de amizade e namoro era pautada no menino que sorria por tudo, pois não podia contrariar ninguém, já que internalizava tudo e acreditava ter um defeito robusto que não o deixava emagrecer e, portanto, pertencer aos padrões da época. Henrique tinha problema com os pais, principalmente com o pai, seu maior influenciador de dietas rigorosas, de receitas milagrosas, de pílulas emagrecedoras, chás abençoados, jejuns intermitentes, cirurgias desconcertantes e lipos constrangedoras; na última, seu umbigo ficou torto, mas seu pai novamente prometeu uma cirurgia reparadora, ou seja, seu pai era seu algoz, ou na linguagem midiática digital, um “bad influencer”. 

A busca da padronização foi deixando Henrique cada vez mais magro, só que de intelecto. Seu cérebro definhava a cada “googleada” de novas descobertas científicas da indústria farmacêutica enviada de alguém que o conhecia mais profundamente e assim sua história foi virando estatística. Quer saber mais sobre o Henrique? Não é mais possível! Henrique se jogou já faz quatro anos de seu belo apartamento com vista para a exuberante ponte antiga de Florianópolis. Há quem sustente que nos libertemos de toda palavra que nos engana, mas palavras amargas ferem e depois de feridos e magoados, adoecemos. Aqui segue um alerta para o Setembro amarelo, acredite que você é capaz, que o limite só existe na cabeça dos outros, pois o que vale hoje é o elogio de valor que te leva pra cima e te apresenta um mundo possível! 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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