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Em entrevista ao MaisPB, Djavan fala sobre novo projeto e desejo de estar na PB

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publicado em 20/08/2022 às 12h00
atualizado em 20/08/2022 às 15h22

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos – Gabriela Schmidt e Léo Aversa

O 25º álbum de carreira de Djavan com o sugestivo título “D”, traz os blues mais tocantes, o jazz, o samba e a música flamenca, com as alegrias e esperança para um Brasil à deriva. Esse é seu primeiro álbum de inéditas desde “Vesúvio”, de 2018, bem antes do caos. “D” está nas plataformas de música. Faltam apenas 4 anos para a celebração dos 50 anos de carreira, mas Djavan continua devorando o novo.  O selo Luanda Records e  Sony Music.

No novo disco, ele menciona o amor, de formas diferentes, o amor da gente, o amor de todos que defendem nossos rios, matas e bichos. Nesse disco Djavan joga luz nos tempos sombrios.
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Antecipando a primavera, em meio ao lançamento de “D” nas plataformas, o artista se prepara para levar seus grandes sucessos, no mês de setembro, no palco Mundo no Rock in Rio, no dia 10, e no Coala Festival, em São Paulo, no dia 16.

Ele diz que “D” é um disco solar  – é  mais que isso. Do universo do compositor, o amor é capaz de ser uma arma revolucionária, sem precisar ser panfletário, apenas  com o amor. “Belas noites de verão / De mãos dadas por aí / Retomar o que era bom / Mas se não quiser sair / Deixar que o vento leve / E o amor / Se encarregue de tudo”, escreveu na canção “Num mundo de paz”.

Veio a pandemia do coronavírus, e o isolamento motivou a vontade de continuar criando. Nascia aí o disco “D” em temporadas com sua família em São Miguel dos Milagres, no litoral de Alagoas, terra dele e raízes familiares. As músicas quase todas foram compostas de junho a abril do ano passado. Oito das canções de “D” foram feitas nesse período.

A última faixa, “Iluminado”, parece uma oração forte e foi de frente ao mar. E pela primeira vez ao lado dos filhos e netos, todos juntos, a melodia nasceu em Djavan a partir de uma batida de ukulele que sua filha Sofia fazia.

A canção nasceu desse amor que une pelo umbigo: “Tudo é possível/Como um dia de sol/É jogar o anzol/Esperar/Pra ver o que vem”. A canção proporcionou o velho sonho do artista de gravar com todos os filhos e netos músicos, dos mais velhos e já profissionais Flávia Virginia, João e Max Viana, aos filhos mais novos Sofia e Inácio e os netos Thomas Bolover e Lui Viana também cantam.

Em entrevista ao MaisPB, o artista contou detalhes das canções, da participação de Milton Nascimento em “D”, na faixa “Beleza Destruída”, da 12ª faixa “Êh!Êh”, parceria com Zeca Pagodinho e anuncia a turnê para abril de 2023, que passará por João Pessoa.

Abre o disco com “Primeira” Estrada”, “Num Mundo de Paz”, “Nada Mais Sou”, “Cabeça Vazia”, “Ao Menos um Porto”, “Beleza Destruída” “Sevilhando” “Você Pode Ser Atriz”, “Quase Fantasia”, “Ridículo”, “Êh!Êh” e “Iluminado”

MaisPB – Todas as músicas falam de amor, amores diferentes?

Djavan – Sim, amores diferentes, mesmo aquela que eu canto com o Mílton Nascimento, eu estou falando amor pela natureza, pela preservação.

MaisPB – Como foi feito esse disco, “D”?

Djavan – Eu comecei a compor em junho de 2021. Em outubro, entrei em estúdio para gravar o que já tinha feito, ainda não tinha todas prontas. Tinha feito 8. Em janeiro parei para férias, já tinha gravado essa primeira parte. Fomos para São Miguel dos Milagres, Alagoas, uma casa de praia. E ali eu escrevi as oito letras, das músicas que estavam. Em fevereiro, voltei para o Rio, coloquei as letras e fiz mais quatro. Terminei o disco total em abril.

MaisPB – É sempre assim, você primeiro faz a música, depois coloca as  letras

Djavan – Esse é o meu processo. Primeiro faço as músicas, os arranjos, porque a voz na cronologia da gravação é a última coisa que entra. Então, eu faço a melodia, com harmonia gravo todos os instrumentos, quando chega a hora de fechar, escrevo as letras e boto a voz.

MaisPB – Vamos falar da segunda faixa, “Num Mundo de Paz”?

Djavan – Na verdade, eu quis fazer uma mensagem, na verdade uma mensagem política com a conotação romântica, usando outros argumentos. Eu estou falando de amorque nos remete a política. Quando eu digo, que a gente volte a rir de tudo, e que a vida seja longa e tudo num mundo de paz. Isso é uma mensagem de otimismo, para que a vida volte ao normal.

MaisPB – A quarta faixa “Cabeça Vazia” parece uma crônica, a letra dialoga com a gente?

Djavan – Isso mesmo. A tônica da música, mostra o número de pessoas que são governadas por uma cabeça vazia, por uma falta de lógica, uma falta de comunicação com a realidade, essa é a tônica da música.

MaisPB – A faixa seguinte, “Ao Menos um Porto”, é um amor escancarado, “eu que vivo a declamar seu nome das ruas…”

Djavan – O título é lindo. Está muito nessa canção, esse amor, essa forma de amar.

MaisPB – Essa canção com Mílton Nascimento, “Beleza Destruída”, a sexta faixa de “D” é uma junção das belas vozes….

Djavan – É o pagamento de uma dívida, porque nos conhecemos há tantos anos e nunca tínhamos feito nada, eu sou tímido, ele também e isso dificultou um pouco a aproximação com esse objetivo, até que as pessoas amigas minhas e dele, os familiares, começaram a falar de fazer uma parceria. Eu tomei a iniciativa, eu queria fazer uma música com ele, mas não houve chance, por questões de agendas. Eu fiz uma música e uma letra comum a nós dois – a preservação da natureza, a água, os bichos, os índios, a floresta, a vida de modo geral. Ele adorou a música e foi um momento lindo de nossas vidas.

Fotografia de Leo Aversa
[email protected]

MaisPB – “Sevilhando” lembra a canção das orquídeas, que está em Vesúvio… e traz a luz de Alagoas. Vamos falar sobre isso?

Djavan – Essa canção, eu estou falando da minha ancestralidade musical. Como eu já tinha abordado numa música chamada “Você É”, que eu falo da minha porção negra e moura. Eu agora volto com esse tema e peguei para mim um desafio de fazer uma música híbrida, uma base de funk com arranjo jazz e uma melodia espanhola, e nisso ai eu faço uma referência a minha ancestralidade musical, quando eu canto “anda luz é o mar e o negro o nosso trigo, cantam pra confirmar amor em cada abrigo, onde os dois proclamam que só quem ama, não teme o perigo”.

MaisPB – E com assertiva chega até Alagoas, sua terra-mãe?

Djavan – Sim, aí vou para Alagoas e canto: “Sevilha plantou na Alagoas nata, um fiel servidor a par do que se trata” A questão é exatamente essa: demonstrar a minha familiaridade com essa ancestralidade com a música negra, flamenca e brasileira.

MaisPB – A canção “Você Pode ser Atriz”, você fez para alguém?

Djavan –  Na verdade, eu faço uma alusão a atriz, porque é um ser forte, bem preparada e tem o poder de se reinventar. Eu estou desejando, indicando para essa pessoa  que sofreu por amor, que ela possa ser atriz, que pode sempre ser uma boa atriz.

MaisPB – A única canção do disco que não é sua, a 11ª faixa, “Êh!Êh”, uma parceria com Zeca Pagodinho?

Djavan –  Ele fez a letra e eu a música. Faz tempo que fizemos e na época Alcione disse: “eu quero gravar”. Eu até gravei na época, mas resolvi não lançar para  Alcione sair sozinha. Agora, mexendo em minhas fitas, o meu engenheiro de som achou esse samba e  me indagou: “vai deixar essa canção perdida, chefe?”  Aí resolvemos incluir outra versão totalmente diferente da gravada por Alcione. Eu fiquei encantando com essa versão de 2014.  Eu tinha feito outro samba para esse disco, deixei na gaveta.

MaisPB – E até se parece com suas canções, né?

Djavan – Ela não é um alienígena – bem inserida

MaisPB – Fecha o disco com “Iluminado”, cantando com todos os filhos, você nunca tinha feito isso?

Djavan – É verdade, nunca tinha feito. A gente canta em casa, canta no sítio de vez em quando, mas me deu vontade de registrar em disco a família Viana cantando. Fiz essa música que tem o objetivo de apontar para o futuro, para a felicidade, um otimismo. Chamei todo mundo e ficou uma gravação bacana e registrou bem esse encontro nosso.

MaisPB – Quando  “D” vai entrar em turnê?

Djavan – Em abril do próximo ano, quero cantar de novo na Paraíba

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