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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Aceite minha finitude

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publicado em 15/08/2022 às 07h00
atualizado em 14/08/2022 às 13h45

Ainda espero o melhor das pessoas. Prefiro acreditar que os sorrisos são sinceros. Que a mão que se estende nunca vai esperar nada em troca. E, pode ter certeza, é um acreditar que anda na contramão de tantas coisas que tenho visto, ouvido e vivido… Talvez seja um erro. Provavelmente, seria mais inteligente esperar que alguma máscara caia, afinal, todos parecem usar uma hoje em dia.

Talvez você possa chamar de inocência. Mas, se eu esperar sempre o mal de todas as pessoas, pelo medo de me decepcionar, como posso querer que acreditem quando eu disser: serei o melhor que eu puder ser? Estaria eu mesma mascarada? Será que as máscaras que carregamos são para esconder algum mal que possuímos? Será que são para proteger as pessoas daquilo que elas não gostariam ou não suportariam ver? Ou realmente não sabemos quem somos? Roubaram nossas feições? Roubaram nossa essência? A vendemos?

Independente das possíveis conjecturas (e são muitas, não caberiam aqui), prefiro acreditar que aqueles que nos decepcionam nem sempre o fazem deliberadamente. E, lendo agora o que escrevi, pareceu-me um tanto quanto incauto. Mas, prefiro acreditar e correr o risco de me decepcionar, do que ser injusta, desconfiando do futuro. Seria uma injustiça não só com o outro, mas, comigo mesma.

Entretanto, existe uma diferença entre esperar o melhor das pessoas e ter grandes expectativas com relação a elas. Temos uma grande dificuldade em corresponder a expectativas, principalmente quando sabemos que elas existem. É como se fôssemos impelidos a fazer exatamente o contrário do que se espera. Então, prefiro fazer o seguinte: não espero nada, mas, quando recebo, acredito que foi o melhor que conseguiram me dar. E sei que o que vier das pessoas falará mais sobre elas do que sobre mim mesma.

Com isto, também quero te dizer que vou te decepcionar um dia. É inevitável. A decepção existe porque a imperfeição existe. Minhas limitações me farão te decepcionar. Até minha tentativa de evolução pode te decepcionar. Nunca a minha vontade. Não procure perfeição em um ser tão errante. Não procure perfeição em um ser em constante construção. Aceite minha finitude. Estou aceitando a sua. Como num pacto.

Acreditar é ter esperança. E ter esperança nas pessoas também implica ter esperança na vida. Não quero viver sem esperança, pois viver sem ela é antecipar a morte.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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