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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Os animais são os melhores protagonistas

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publicado em 24/06/2022 às 13h00
atualizado em 24/06/2022 às 15h08

 Nas minhas andanças aluadas de menino, eu sendo conduzido pela lua, principalmente nas noites de São João, quando o céu do sertão ficava mais azul e eu pensava que a lua andava pelo mesmo caminho que eu. A lua e eu.

   As casas eram amarelas e não verde rosa, mas a vida partilhada era mais bonita que sonhos e pincéis, com todas as cores. Meu pai além de guarda-fios dos correios, era pintor de parede e outras habilidades, para completar o orçamento da família. Meu pai adorava cachorros, minha mãe não gostava.

  Lá em casa nunca teve uma fogueira na calçada,  (minha mãe não gostava de fumaça) nas outras casas sim e eu via o clarão do fogo na cara das pessoas. Quando o dia amanhecia que nem hoje, Dia de São João, algumas fogueiras em brasa ainda ardiam na luz da manhã.

    Eu tinha poucos amigos ou quase nada. Conhecia todo mundo, mas nem mundo conhecia o mundo que eu conhecia.

  Quando cheguei na capital, esqueci as fogueiras, aquela cor minuciosa da tinta vermelha, as labaredas e eu quis outras cores, o azul do mar, que me ilumina até hoje, para a vida inteira.

Domingo, 26

   Neste domingo, é o aniversário do jornalista Sílvio Osias (foto com a gorda Rafa), mesmo dia em que aniversária seu amigo,  o cantor e compositor, Gilberto Gil, que fez a apresentação de seu livro Meio Bossa Nova, meio Rock’n Roll, edição de 2001. Lá se vão 21 anos, a idade de meu filho único.

“Sílvio Osias, a quem conheço há muitos anos e por quem cultivo sincera amizade, não é o que, a rigor, podemos considerar um crítico musical. Apaixonado pela música popular nas suas mais diversas formas de manifestação, apreciador da diversidade de gêneros e atitudes musicais, defensor da liberdade, do arrojo e da audácia experimentativa de alguns, mas apreciador, também, dos modos moderados e perseverantes de outros tantos, Sílvio pode acolher, em seu coração sensível, tanto a admiração por um Hermeto Pascoal irrequieto e rabugento quanto por um plácido e correto Dominguinhos”, escreve Gilberto Gil no livro de Osias.

A amizade, mesmo com os temores, as perdas e o reencontro desse aconchego, é de tamanha valia e o tempo é quem a faz ficar imensa.
Ontem à noite meu cachorro ligeiro, o Bola, tremia com o estouro das bombas da noite de São João, ele tremia e eu sentia em mim e o acolhi dentro de casa, com um cobertor. Comentei com Silvio essa cena.


  Silvio e sua mulher, a professora Julie (foto com Zimmy) têm seus cachorros. Alguns já foram para o amém e as dores somadas do casal explicitas.

     Nós não somos filhos do fraco poder, jamais. O mel dulcíssimo vem do ferrão da abelha e é preciso seguir para que possamos desempenhar bem os significativos diálogos, para que a luz irrompa todo esse caos, que se instalou no Brasil, no mundo, e possamos ser feliz  outra vez, como se tivéssemos nascidos em Itabira, o útero do poeta Drummond.

Feliz aniversário Osias, envelhecemos, mas não perdemos a parada.

Kapetadas

1 – Do jeito que vai a coisa, até as rosas vão virar plantas carnívoras, mas a gente não vai deixar.

2 – Amo as regras que vetam as regras.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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