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A Era do Umbiguismo

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publicado em 23/05/2022 às 07h00
atualizado em 22/05/2022 às 11h51

Ao redor do seu próprio umbigo, grande parte da população mundial, em especial a brasileira, vai rastejando e levando consigo para os túmulos tudo o que acumulou, ou seja, nada, mesmo que muito, na minoria dos casos. E tudo fica para outros usufruírem ou guardarem, esconderem, e depois deixarem aos próximos, que deixarão a outros e assim por diante.

Como dizia o grande Ariano Suassuna, ao redor do buraco tudo é beira. E aqui vamos rodando, tontos, em torno de nossos próprios umbigos e abismos, construindo uma sociedade individualista ao extremo, extremamente extremista, cega por desejo próprio, vendada, vedada, para as matizes, tonalidades, intensidades, possibilidades, sutilezas, inteligências e sensibilidades que vão do 8 ao 8 mil, do zero ao infinito, do tudo ao nada, do preto ao branco, ou seja, da ausência à junção de todas as cores.

É nessa torre de marfim alicerçada com a mesma areia fina, rala, dos castelos feitos nas praias, obviamente sem a mesma beleza, que ruminamos a nossa ruína, dia após dia. Pior: cegos, surdos e tagarelas. E cada vez mais (mal) informados e especializados, sabendo tudo sobre quase nada. Isto se tiver o privilégio de ter alguma formação, ser bem instruído, for acadêmico até. Ignorante, estúpido, porém, talvez, instruído. Isto quando, pois a massa avassaladora mal tem tempo de pensar, precisa resolver, sobreviver. De uma ponta a outra, os que não pensam, não sentem, por opção ou não. Os despossuídos de pensentimento.

Mas as bandeiras estão aí, nas ruas e nas telas, hasteadas para gritos de guerra que não nos levaram, não nos levam e não nos levarão a lugar algum, só ao redor do nosso próprio umbigo, do nosso abismo, ou ao centro de nosso mundinho, nosso grupinho, cada vez menor, diminuto, e mais idêntico. E de minoria em minoria se forma a pasteurizada maioria – ou pseudo-maioria – da vez, a quem os autocratas servem com prazer e ódio.

O ódio que sentem defronte ao espelho, o ódio com que se envenenam, se doam e compartilham a inimigos criados e imaginados sempre no outro, claro. E com dedos em riste, rostos crispados, urros abissais, ofensa e palavrões monumentais, vão cuspindo ao mundo impropérios, balas e bombas. Esta é a ordem do dia a dia. E da noite em noite escura na qual se abrigam eternamente.

Visite o blog Eduardo Lamas: www.eduardolamas.blogspot.com
E a página do autor com seus livros publicados: https://url.gratis/SFc37Q

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