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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Os tarados

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publicado em 18/03/2022 às 07h00

Quando a humanidade foi feita, uma distinção elementar se estabeleceu. De um lado, os tarados; do outro, todo o resto. Tarado é termo autoexplicativo. Pelas leis das estatísticas e das probabilidades, era de se esperar que a coisa ficasse meio a meio, ou próximo disso, mas isso não ocorreu.

No exato momento da divisão, um anjo decaído, desses que moram nos confins da natureza humana, puxou a régua da distinção, deixando apenas uma nesguinha em cujo domínio ficaram os raríssimos casos dos não-tarados.

Mas, nesse mundão de meu Deus, onde quase tudo é e não é ao um só tempo, o caldo quase sempre entorna. É comum os portadores do signo da tara, para escondê-la, vestirem a pele de cordeiro, não sendo raro se esconderem sob as asas de alguma religião. Esses são os mais perniciosos. Para maximizarem o engodo, são os mais fanáticos e se tornam impiedosos na arte de acusar. Por pura conveniência e sem-vergonhice. “Por trás de todo paladino da moral, vive um canalha”. Perfeito, Nelson Rodrigues.

Não é só isso. Os tarados também têm tara por política, sobretudo a pior, a miudinha, meio boca. A Política é arte da boa convivência, mas há um espectro dela, a luz do poder que dela reluz, que atrai bandidos que é uma beleza e os tarados, no nível mais intenso da tara, quase sempre se fazem acompanhar de outros graves defeitos.

Há tarados que ascendem ao cúmulo da crueldade. Alguns, por exemplo, sob o pretexto de ajuda humanitária, até vão aos campos de guerra e se põem à espreita de alguma refugiada cuja fome e situação de miséria, possa servir à concupiscência desse tipo gente covarde e cruel.

A tara não somente tem cunho sexual. A tara, muitas vezes é a pontinha do iceberg. Pessoas antidemocráticas, negacionistas, autoritárias, cínicas, misóginas, racistas e de outros naipes semelhantes são taradas da pior espécie. De qualquer modo, é preciso ter cuidado na avaliação, afinal “Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante”, não é Nelson Rodrigues?

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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