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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

O mundo é um bolha

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publicado em 17/03/2022 às 07h20

Naquela ilha, estavam a combater os seres que produzem a matéria arenosa, a criteriosa substância que se encontra na maior parte do Planeta. São esses seres que vivem no deserto a triturar antigas conchas submersas do que restou de um vasto oceano no local e transformá-las em sedimentos.

São criaturas que mais parecem caramujos de cor caramelo, maiores que os famosos escargots. Eles também trituram a carcaça de animais da mesma espécie assim que morrem. Com o aumento desses seres subterrâneos, os ilhéus se reunem aos montes, nessa época do ano, para fazer o ritual da caça da salvação, isto é, diminuir a proliferação dos caramujos gigantes que provocam um aumento terrível do areial que insiste em deglutir a ilhota de Marven.

Eles viajam em barcos construídos ainda na adolescência com ajuda dos seus pais, munidos de foices e arpões, no intuito de decapitar metade das fêmeas habitantes daquele deserto. No ano passado, o evento foi um sucesso, mas esse ano, o ritual não logrou êxito. Infelizmente uma praga de cupim resistente abocanhou as centenas de barcos de Marven. Como resultado, foi visto areia voando por toda a costa ali perto.

Não foram comuns as tempestades, só o Deserto de Relefaa teve um aumento de 15% do seu tamanho e ventos fortíssimos levaram grande parte de sua areia pelos céus das Maldivas, cancelando toda operação turística por lá. Toda neve da Groenlândia está coberta de poeira marrom.

Outros desertos parecem que se rebelaram e estão no mesmo movimento tenebroso, impossilitando metrôs em circulação na Europa inteira, bem como a saída de pessoas de suas casas, pois a fina areia provoca danos irreversíveis no pulmão. Os Estados Unidos começaram a sentir o impacto das brumas danosas ali por Boston. No Brasil, as cidades de Jericoacoara e Atins foram as mais atingidas e tiveram seus desenhos geográficos totalmente remodelados.

Marven sumiu do mapa, sua história será contada por ilhéus que moravam em outras cidades mundão afora e que venham a sobreviver à maior “calima” dos últimos tempos. O que todos reclamam é que, logo após a liberação do uso de máscaras pela sucumbência da Covid, a volta obrigatória do seu uso assusta novamente o mundo castigado por outra praga dilacerante.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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