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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Não, leitor, nada mudou

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publicado em 01/03/2022 às 07h51

 

Ao menos 198 civis morreram na guerra da Ucrânia até agora. Quando essa crônica chegar até você, não sei em quanto estarão esses números. Numa guerra, o que menos interessa é o número de mortos. E nós que, embora bem sambados, ainda nem saímos da guerra contra esse vírus maldito que nos perseguiu.

Tenho preguiça de escrever sobre guerra. Tão insano que alguém recorra a ela para resolver um conflito. Tão nada a ver. Tão Ó. Não se importam com as três crianças que morrem por minuto de doença tratável ou de fome. E, no mesmo tempo,  gastam 3 milhões de dólares na indústria da guerra.

Peguei ranço de Putin. Desprezo. O Seu Putin é um biscoiteiro. Um sem noção. Um covarde. Ou invadir um pequeno país que não tem nem como se defender não é covardia? Eu acho. Tem gente que acha ele certo. Nem ele, nem o abilolado do Volodemir Zelenski. Errados todos.

Mas entre poderosos em guerra, nenhuma expressão piegas lhes cabe. Contam-se apenas os vencidos e vencedores. Os mutilados nunca são apresentados. Crianças, para sempre marcadas mentalmente, nunca nos damos conta. A quantidade de sangue derramado? Pouco importa. Tanto quanto as vidas destruídas.

E pensar que, outro dia, enquanto o mundo atônito sofria, enquanto víamos os nossos perecerem sem respiração, ligados a máquinas que não conseguiam fazê-los respirar, dizíamos: – O mundo não será mais o mesmo.

Como assim? Não será, porque criamos vacinas. Porque temos a ciência. Porém, não há, nem haverá de haver, máquina para depurar a mente humana. Não há creolina para limpar a mente de um poderoso, ou de um metido a. Não há catástrofe que nos mude. Individualmente, sim. Coletivamente, é meramente um desejo que fantasiamos toda vez que estamos em sofrimento.

Com o arrefecimento da pandemia, pensei que estaríamos livres de mortes em série e desnecessárias. E tudo estaria em paz. A variante Ômicron não mata como a delta. A vacinação nos garante uma certa resistência, para não morrermos sem reagir. Porém, não há como reagir aos efeitos de um canhão, de uma bomba, de um míssil. Não há como nos livrar da bestialidade, da incivilidade que habita a mente do pior vírus que há: o SARS-CoV Sapiens.

Olhe aqui, Presidente Putin, com todo respeito aos meus leitores, eu estou Puti com essa guerra idiota.  Não, leitor, nada mudou.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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