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ENTREVISTA ao MaisPB

Fotógrafo de capas da Playboy fala de bastidores

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publicado em 15/05/2021 às 16h11
atualizado em 16/05/2021 às 05h56

Kubitschek Pinheiro -MaisPB

Para celebrar os 50 anos de trabalho, o fotógrafo Bob Wolfenson lançou “Desnorte”, um livro com centenas de imagens de pessoas e lugares. São cenas impressionantes. São retratos, fotos de editoriais de moda e polaroides que narram a trajetória do artista. O lançamento foi na Galeria Millan de São Paulo.

Lá vamos encontrar cenários lúgubres de Cubatão, Paulo Francis, Sonia Braga, Vera Fischer, fotos de Cuba, fotos de família, Fernanda Torres, uma imensidão de clics numa edição numerada e assinada.

Numa live de lançamento, com o curador Thyago Nogueira, Bob revelou que “a grande realização de um fotógrafo, é o livro”. É sua literatura.

Paulistano, nascido no bairro do Bom Retiro, Bob Wolfenson teve a cultura judaica como pilar de sua criação, mas foi na fotografia que sua arte se expandiu. O projeto gráfico de “Desnorte” e coedição é do designer Eduardo Hirama. São imagens que falam para os 4 cantos do mundo.

Wolfenson, já assinou diversos trabalhos para Vogue, desde as recentes edições no Brasil, como os retratos de Roberto Burle Marx, Lina Bo Bardi e Hélio Oiticica em 1978.

O artista se tornou um nome ampliado da fotografia e é responsável por registros de celebridades, artistas e personalidades do Brasil e do mundo, imprimindo em seu trabalho um olhar de “craque”, com assinatura ímpar.

O material é retrospectivo, mas não cronológico e obviamente não dá conta de sua vasta produção.

Para se ter uma ideia, as imagens evocativas de “Desnorte” marcam suas passagens pelo Bom Retiro, (bairro onde nasceu e cresceu em São Paulo), passando pelos retratos (faceta do seu trabalho mais conhecido), fotos de moda, nus, imagens de suas pernadas pelas cidades do mundo e, finalmente pelas fotografias atingidas pela trágica inundação sofrida em seu estúdio em fevereiro de 2020.

Mais atuações

Ele trabalhou e trabalha para publicações como – Folha de São Paulo, Veja, Vogue, Elle, S/N, Playboy, Harper’s Bazaar, Marie Claire e Rolling Stone e publicou livros como “Jardim da Luz” (Editora DBA/Companhia das Letras, 1996), “Moda no Brasil por Brasileiros” (Cosac Naify, 2003), “Antifachada-Encadernação Dourada” (Cosac Naify, 2004), “Cinépolis” (Schoeler, 2009), “Apreensões” (Cosac Naify, 2010), “Belvedere” (Cosac Naify, 2013), 24×36 (Schoeler Editions,2013) e “Bob Wolfenson” (Terra Virgem Edições, 2017), além de se apresentar em diversas exposições individuais, como as mostras: “A Caminho Do Mar”, 2007 “Nósoutros”, 2017, na Galeria Millan, ou coletivas como a “Modos de Ver o Brasil“ na Oca-Ibirapuera, um mergulho na coleção do Itaú Cultural, também em 2017.

Bob nunca chegou a contabilizar quantas capas fez para a Playboy. Foram muitas, a mais recente, da atriz Cleo Pires.

Bob conversou com o Portal MaisPB e falou dessa experiência, de festejar o jubileu da carreira, com o que ele mais gosta, as tais fotografias.

Leia a entrevista e saiba mais sobre esse artista que tem opiniões formadas sobre nosso país, sua gente e pancadas do dia após dia, que ele às vezes posta em seu Instagran @bobwolfenson ( as imagens publicadas na matéria são reproduções).

MaisPB- Bob, você chega aos 50 anos de carreira e lançou neste mês de maio, o livro “Desnorte”, esse projeto nasceu na pandemia? São só imagens?

Bob Wolfenson – Nasceu na pandemia para celebrar meus 50 anos de carreira. Sim, são imagens, afora o prefácio, um pequeno texto, escrito por mim.

MaisPB – Dessa sacada vem outro livro, “Sub/Emerso”, que já foi lançado em 2020. Como é esse trabalho, é um registro político, um protesto?

Bob Wolfenson – A qual você se refere? Ao Sub/Emerso, ou ao Desnorte? De todo modo, nenhum dos dois é exatamente político. São registros de minha trajetória e o primeiro (Sub/Emerso) de uma inundação ocorrida em meu estúdio em fevereiro de 2020.

MaisPB – Lembra dos primeiros clicks? Você fotografava cidades, pessoas e sentimentalidades?

Bob Wolfenson – Sim, lembro, claro. Continuo fazendo tudo isso

MaisPB – Tem uma ideia de quantas mulheres você fotografou para a Revista PlayBoy. Pode citar algumas?
Bob Wolfenson – Sei lá, muitas, mas os trabalhos mais emblemáticos são aqueles onde o aspecto da sexualização e da objetificação da mulher ficaram eclipsados por alguma narrativa inventado por mim.

MaisPB – Gosto muito daquela foto de Caetano Veloso, com o uma sobrancelha fora do lugar ou no lugar de sempre, de outra maneira. Parece coisas de Andy Warhol, não exatamente assim, mas com um avanço surreal que podemos chegar até Salvador Dali… Vamos falar dessa sua foto famosa?

Bob Wolfenson – De fato, esta é uma foto famosa e que ao longo do tempo foi ganhando um significado não percebido na sua feitura. Caetano com este olho grande (surrealista como você diz) e também cubista (como eu digo), enxerga e capta mais que os outros e também ilumina nossos corações e mentes.

MaisPB – A edição deste mês da revista Elle Brasil está comemorando os 50 anos de sua arte. E traz capas com 4 mulheres e um homem para este momento, o jubileu de Bob Wolfenson: Taís Araújo, Caroline Trentini, Maria Bethânia, Anitta e Mano Brown.
Bob Wolfenson- Eu que fiz. Vi fazendo e vi pronta. Gostei muito

MaisPB – Hoje em dia todo mundo é “fotógrafo” com imagens postadas nos seus Instagrams. Como você observa esse ciclo vicioso das redes sociais?
Bob Wolfenson – Estou aderido a esta era. Todo mundo que escreve não é escritor assim,como todo mundo que fotografa não é fotógrafo. Obviamente nunca houve tantas imagens ruins como as imagens ruins de hoje, porém há uma possibilidade imensa pra quem tem talento e quer se viabilizar como fotógrafo.

MaisPB – Quem você ainda não fotografou e gostaria de fazer um ensaio?
Bob Wolfenson – Acho que não me ponho muito nesta questão. Pessoas vão surgindo e eu vou me interessando por elas.

MaisPB – Você acha que vamos sair desse breu, com a pandemia e o desgoverno?
Bob Wolfenson – Acho difícil. Mas tenho que acreditar que os deuses da iluminação acenderam as luzes do fim do túnel.

MaisPB

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