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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Aquela canção, baby

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publicado em 11/05/2021 às 07h38
atualizado em 11/05/2021 às 07h18

Conversava com o artista Marcos Valle, grande músico brasileiro, sábado passado e falávamos sobre o que o isolamento nos trouxe – muito trabalho, inspiração e produção, apesar das perdas.
Na verdade, não sei bem como começou e nem sabemos de onde vem, essa alegria de conversar com Marcos Valle, essa coisa tão dele, de ser bacana, de conversar comigo, como se fossemos amigos do mesmo bairro, ele com seu Mustang Cor de Sangue e eu com meu Corcel 73.
Marcos Valle, Joyce Moreno e Ivan Lins acabam de gravar e lançar um single e um clipe da canção “Casa Que Era Minha”, uma forma de tocar na alma da cidade do Rio de Janeiro, acariciando o Brasil, numa resposta da MPB ao que anda acontecendo no nosso país, neste 2021, – confuso e pandêmico.
A transformação que envolve a substância da poesia, melodia e corpo, alma e nomes. Seja uma pera, uma manga, a palma do cacto, a flor de maracujá, alimentos para nos tornar carne. E sair do osso. Aliás, a fome de muitos está a se perder de vista.
Ouvi ontem à noite Gal cantando no rádio, que a gente precisa de um sorvete na lanchonete. Sair com a gente, sair por aí como profetizou Zé Keti. Mas a canção de Joyce, Marcos e Ivan diz que precisamos voltar a nos abraçar na patriazinha e “sonhar que ainda és minha…”
Aprender a rir, depois de tanto chorar. Precisamos reaprender algumas coisas, para não nos assustarmos de novo. Ou então, leiam em nossa camisa. Ou tentem esquecer em que ano estamos, o ano da “Pérola Negra” de Luiz Melodia.
O tempo vai ficando perdido no tempo das perdas. Você precisa, você, precisa, você precisa, você precisa, você precisa.
Tomar um café de manhã cedinho, deslizar pensamentos, o ovo frito ou mexido. O suco de laranja ou de goiaba, como se come a fruta e seu nome. Pão com manteiga. Um nome azul, um azul celestial.
Só lembrando que estamos na floresta, e aqui não cabem armas.
Quem já escutou a canção “Francisco”, que Milton Nascimento fez para o filho de Cássia Eller, sabe do cravo e canela, do feijão com arroz, da cama e os corpos que se aquecem na luz da manhã.
Qualquer dia, um dia de calor, vamos fugir desse lugar, baby! Vamos procurar nossa patriazinha…

Kapetadas
1 – Estava pensando como estamos vulneráveis perante tanto desdém às vidas. Isso deixa tudo bem mais difícil.
2 – Eu fico imaginando quais seriam os bonequinhos que o Freud teve na mesa dele.
3 – Som na caixa: “Minha bem-amada/Casa que era minha/Quem te maltratou/Te fez tão sozinha?/ Diga… “, Joyce Moreno, Marcos Valle e Ivan Lins

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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