João Pessoa, 21 de outubro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
SÃO PAULO – A uma semana do segundo turno das eleições, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, aumentou o tom contra o candidato petista Fernando Haddad, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Num encontro com mulheres do PTB, Serra acusou o PT de pretender fazer uma devastação na área de saúde do município, eliminando convênios com entidades privadas que prestam atendimento à população, entre elas o Hospital Santa Marcelina. Serra disse que Haddad não "entende nada" de saúde e ameaça desestruturar os serviços. Em São Paulo, entidades privadas administram os postos de atendimento do SUS.
— No programa "terceirizado" deles, com mais de mil páginas, não há nenhuma vez a palavra gestante — disse Serra, que prometeu ampliar o programa criado pela Prefeitura, o Mãe Paulistana, com o acompanhamento das crianças até os 3 anos de idade, e aumentar em 500 o número de ginecologistas na rede básica de saúde.
Serra disse que é só aparência o fato do PT pedir uma campanha “sem ataques”, pois o PSDB já conseguiu liminar para tirar do ar quatro inserções de rádio e uma de TV da campanha petista, enquanto o PT teria conseguido liminar para suspender apenas uma peça da campanha tucana.
— A quantidade de calúnias, de mentiras e agressões que o PT e a campanha do Haddad fazem é é inigualável — disse o tucano.
Neste sábado, Serra recebeu apoio das mulheres do PTB, organizado por Marlene Campos Machado, mulher do presidente do partido, o deputado Campos Machado. No primeiro turno, o PTB disputou a eleição coligado a Celso Russomano (PRB). O encontro foi aberto pela primeira dama Lu Alckmin, que pediu um "mutirão" para conquistar votos ao candidato tucano. Ao discursar para as mulheres, Marlene disse que as pesquisas de intenção de voto, que dão a vitória ao PT, estão erradas e que a Prefeitura não pode ser entregue nas mãos de "uma pessoa que é manipulada por um ex-presidente da República".
O deputado Campos Machado foi ainda mais contundente, afirmando que Haddad não sabe diferenciar os bairros do Itaim Bibi e Itaim Paulista, respectivamente na zona Sul e Leste da capital, e que confunde Cidade Tiradentes com Avenida Tiradentes
— Não estamos em um concurso de beleza. Sabemos que o Serra não é nenhum Brad Pitt, mas ele não vai fazer ponta em novela. Não vai participar da Salve Jorge. Isso não é concurso de beleza. Temos de votar em quem tem a cara do povo e o cheiro do povo. Que nasceu na Mooca e não no Morumbi. Não vamos entregar na mão daquele que só faz o o que o ‘marqueteiro’ quer – disse o presidente do PTB.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) deu caráter nacional ao embate:
— Não podemos dar a esse partido (PT) uma soma tão considerável de poder. É preciso dar equilíbrio à democracia brasileira —disse ele.
Serra afirmou que as pesquisas falham e que três dias antes do 1º turno chegou a aparecer em terceiro lugar, mas acabou tendo a maioria dos votos no 1º turno. E respondeu às críticas de que abandonou a Prefeitura para concorrer ao governo do estado afirmando que não poderia deixar que o PT ganhasse e fizesse o que fez na Prefeitura, que ele recebeu com apenas R$ 16 mil em caixa.
— Tem algo que eu tenha feito que deu errado? — indagou Serra às mulheres, acrescentando que não recebe qualquer ataque de ordem ética ou moral e que, como ministro da Saúde, foi quem implantou a lei dos medicamentos genéricos.
Durante a tarde, Serra fez campanha em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Cumprimentou, conversou e tirou fotos com donos e funcionários de lojas. Palmeirense, Serra demorou a achar entre os garotos um que torcesse pelo mesmo time: a maioria disse torcer pelo Corinthians. Na Praça Brasil, ao lado do conjunto habitacional José Bonifácio, prometeu reformar e transferir o hospital da área para a iniciativa privada. Serra usou um carro de som para falar com as pessoas que se aglomeravam na praça. Um de seus assessores sugeriu que ele anunciasse a construção no bairro de um Centro de Educação Unificado, a escola que foi a marca da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, do PT. Serra atendeu o pedido e anunciou, mas preferiu falar mais sobre saúde.
Na sexta-feira, tanto Serra quanto Haddad conseguiram direito de resposta de um minuto no horário eleitoral do outro. Haddad obteve liminar por conta de um jingle de rádio que usava as palavras “falcatrua e proposta imoral”. Serra ganhou porque a Justiça considerou que a propaganda de Haddad associou o candidato tucano aos termos ‘baixar a borracha’ e ‘surrou os professores’, o que levaria o leitor a ideia de envolvimento do ex-governador com ordem ilegal de espancamento de professores.
O Globo
SEGURANÇA - 11/09/2025