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Há cem anos, entrava em cena Cacilda Becker

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publicado em 06/04/2021 às 11h45

A atriz Cacilda Becker nasceu há cem anos. Com a pandemia que se alastra, poucas iniciativas foram tomadas para festejar a data. A boa notícia é que uma mostra programada a disponibilização de um conteúdo particularmente especial, com fotos, vídeos e depoimentos: a do Itaú Cultural, que está sendo realizada em seu site www.itaucultural.org.br.

Cacilda Becker Yáconis  ((1921-1969), nasceu em Pirassununga, no interior de São Paulo, descendente de alemães e italianos. Com a separação dos pais, ocorrida quando ainda era criança, cresceu ao lado da mãe e das irmãs mais novas em um ambiente conduzido pela força e resistência femininas, características que permearam a sua trajetória profissional no teatro, rádio e televisão. Não à toa ela encontrou na arte um espaço libertador.

Considerada uma das maiores atrizes do teatro brasileiro, com atuações marcantes nos palcos e fora deles, ela é lembrada e celebrada por artistas, familiares e profissionais da arte e da cultura, que falam sobre o contato pessoal e profissional com a atriz, contam curiosidades e revelam o impacto deixado pelo seu legado, que marcou época.

Cacilda Becker Yáconis nasceu em Pirassununga, no interior de São Paulo, descendente de alemães e italianos. Com a separação dos pais, ocorrida quando ainda era criança, cresceu ao lado da mãe e das irmãs mais novas em um ambiente conduzido pela força e resistência femininas, características que permearam a sua trajetória profissional no teatro, rádio e televisão. Não à toa ela encontrou na arte um espaço libertador.

Um vídeo gravado com o diretor Zé Celso Martinez Corrêa para o site do Itaú Cultural, ele lembra que o espírito aguerrido e de luta de Cacilda vem desde a primeira apresentação nos palcos, aos sete anos, enfrentando conservadorismo do avô. “Cacilda decidiu que queria se apresentar no teatro Politeama com uma coreografia que tinha inscrito. A estreia foi essa: ela saindo de um casulo e fazendo a dança da borboleta”, conta o fundador do Teatro Oficina e amigo da atriz.

Zé Celso destaca, ainda, pontos importantes da curta, porém intensa, trajetória de Cacilda. Não menos importante, fala da força feminina vinda da relação entre a mãe, Alzira, e as filhas Cacilda, Dirce e a também atriz Cleyde Yáconis. “Elas foram muito ligadas a vida toda e vibravam juntas, como se fossem um corpo só”. Zé Celso também salienta as peculiaridades da atriz enquanto encenava: “Cacilda tinha uma espécie de musicalidade na fala; as palavras eram respiradas e a respiração traz a emoção do personagem”.  Ele também não se esquiva de falar da morte precoce, aos 48 anos, entre o primeiro e o segundo ato da peça “Esperando Godot”. “Não adianta imaginar o que seria a vida dela, porque o que ela foi já é muito rico, é um tesouro”.

A atriz Eva Wilma, que também participa dessa homenagem, lembra o envolvimento fundamental de Cacilda com o que acontecia fora dos palcos, fosse referente à classe artística ou à política nacional. Recorda da participação das duas – ela, no Rio de Janeiro e Cacilda, em São Paulo –, em 1968, na passeata organizada pelos artistas contra a ditadura militar, e conta, ainda, da admiração pela força e determinação da atriz, que a inspiraram a encenar também, entre 1977 e 1979, “Esperando Godot”.

Imagens e lembranças

Das lentes de uma máquina fotográfica, são revelados registros inéditos dos ensaios da última peça de Cacilda e as lembranças de Amancio Chiodi, um jovem fotógrafo da época, que hoje expõe pela primeira vez esse olhar.

O ator e produtor Cuca Becker, filho da atriz, e o cineasta Guilherme Becker, neto dela e cuidador do seu acervo, contam curiosidades da vida pessoal, como o característico batom vermelho e o salto alto sempre que usava, a vida em família e a importância do legado que ficou. Dos palcos, as referências e influências de Cacilda Becker para diferentes gerações de mulheres são relatadas pela fotógrafa Lenise Pinheiro, que dirige a recém-estreada “Viva Cacilda! Felicidade Guerreira”, escrita a partir do texto de 1998 de Zé Celso, assim como pelas atrizes Bete Coelho, Camila Mota, Isabella Lemos e Leona Cavalli, que viveram Cacilda em cena.

Quando Cacilda Becker faleceu, o que causou comoção nacional, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: “A morte emendou a gramática. Morreram Cacilda Becker. Não era uma só. Eram tantas…”.

Biógrafo de Cacilda Becker, o historiador Luiz André do Prado explica que, desde a adolescência em Santos (SP), ela já demonstrava talento para a dramaturgia e dança. “Foi lá que ela foi descoberta e levada ao Teatro do Estudante, no Rio de Janeiro”, esclarece o autor de Cacilda Becker: Fúria Santa. Ele explica que depois a atriz foi para São Paulo. No programa, a crítica Barbara Heliodora explica que a atriz era um acontecimento em cena.

Kubitschek Pinheiro com pesquisa site do Itaú Cultural

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