João Pessoa, 17 de março de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Toma lá, dá cá, na prática ou estímulo x resposta para a ciência. Independente da explicação a situação é a mesma e se retroalimenta: as ações interferem nas suas reações que por sua vez, interferem nos atos seguintes e assim por diante.
Podemos dizer, em linhas gerais que a ação é baseada em planejamento e razão, pois ela é relativamente programada. Mas quando falamos das reações, aí o bicho pega, pois não é mais o nosso planejamento e razão que apitam, mas sim, o nosso repertório (formado por nossas experiências e interpretações), são as nossas respostas aos mais variados estímulos do dia a dia, tanto de origem interna quanto externa.
De acordo com a teoria de Skinner (sou skinneriana de coração), tudo é estímulo – resposta. Desafio você, inclusive, a nos exemplificar algo que não seja, quando nos referimos a comportamentos. Quando algo é prazeroso ou nos bonifica de alguma forma, a tendência é repetirmos para termos novamente a suposta recompensa, e obviamente por outro lado, com as experiências negativas, naturalmente todo o comportamento se volta para a não repetição do mesmo. Por mais que os resultados (positivos ou negativos não se repitam, toda a conduta se voltará a esse objetivo).
Para reforçar o time, chamei Newton, com a sua terceira lei, mais conhecida como lei da ação e reação, na qual afirma que, para toda força de ação que é aplicada a um corpo, surge uma força de reação em um corpo diferente. Obviamente não levantarei aqui teorias científicas nem grandes explicações sobre ações e reações, pois já temos outros direcionamentos ao tema.
Entendemos que as ações são mais planejadas e previsíveis, conseguimos controlá-las com mais facilidade, enquanto que as reações, ah, as reações… Literalmente somos reféns das nossas reações, que nos expõem sem nos pedir licença em suas mais diversas esferas. Nelas o corpo fala e se expressa, pois a razão muitas vezes cede seu lugar a emoção e nos rendemos a ela. “Só acredito nas pessoas que se ruborizam” afirmava o autor e escritor Nelson Rodrigues, se referindo à leitura das emoções.
A emoção é o grande elo entre as ações e reações, e, como consequência dessa equação, temos a interpretação, que baseada nas emoções envolvidas faz sua leitura e dispara a reação. Traduzindo, as nossas experiências embasam as reações, por uma sequência lógica e como já dissemos, se a razão permeia as ações, a emoção se responsabiliza pelas reações. Nelas podemos destacar três eixos mais suscetíveis à tônica das emoções: a raiva, o medo e a paixão. Esses grandes temas são muito vulneráveis à rasteira da emoção sobre a razão e sem dúvida nenhuma os grandes pontos de complexidade do comportamento humano.
Em linhas gerais, é como se todas as nossas experiências positivas e negativas fossem sendo guardadas em um HD (Hard Disk ou disco rígido), sendo armazenadas em pastas que seriam as áreas da nossa vida, a cada ação, automaticamente as reações são baseadas nas nossas experiências anteriores e assim vão estendendo o nosso repertório. Daí, temos a explicação de como as pessoas reagem a mesma situação de modos totalmente diversos. O que nos leva a refletir sobre e acerca da importância de pensamentos como o do filósofo, dramaturgo e escritor francês Jean-Paul Sartre: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”.
Que estejamos sempre livres e dispostos a apagar algumas pastas, rever seus conteúdos e recontar novas histórias, nos levar em novas emoções e consequentemente em novas reações.
Sejamos dignos da confiança do Nelson, a nos permitir ruborizarmos sempre…
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Em João Pessoa - 08/11/2024