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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Só há um Caetano

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publicado em 22/12/2020 às 06h32

Todas as lives realizadas por Caetano Veloso, (com o auxílio primoroso de Paula Lavigne), eu ficava num pé e noutro, açodado, inquieto, brincando, como se já fosse carnaval.

A live de Natal me deixou quieto. Só Caetano para nos colocar dentro do som e viajarmos sem precisar absolutamente de nada.

Parecia que chovia, fazia sol, as bicicletas a sair de suas casas, os carros até deram um tempo ao asfalto da minha rua e as árvores do jardim da nossa casa estavam fluorescentes, igual luzes de Natal piscando. Eu nunca pensei tanto na paz como naquela noite…

O cara cantava e passava uma esperança de que sua música, que também é nossa, como disse o jornalista Silvio Osias, vai nos tirar desse modo avião em que estamos.

Angelical, além, cantando com os filhos Zeca, Tom e Moreno e dizer que adora saber deles e estar com eles. Linda a canção “Alto Acalanto” para o neto Benjamin, fazendo soar o jeito do neto ninar a si mesmo. Foi demais! Caetano é um artista sem cerimônia. Ele é o maior, sem comparações territoriais – e assim nos aproximamos cada vez mais da sua música.

Caetano nos leva para onde está a saudade, cantando no avarandado do amanhecer ou gosto muito de te ver leãozinho, que parece outra oração de São Francisco (e temos um belo Francisco no nosso grupo Caelovers).
Pedi que ele cantasse “Rapte-me Cameleão”, para que algo me levasse a outra cama boa, mas veio “Tieta” e “Tigresa” e faltou “Falso Leblon”. “Ecstasy, bala, balada/ E me chama depois/Pra dar uma e dar dois”, mas nem vinho tomei.

Queria ter tomado meu Old Parr, mas minha garganta gargarejava a romã do jardim, não a da seda azul da canção “Trem das Cores”.

Às vezes, todas às vezes, muitas vezes, eu só tenho escutado Caetano. Já nem ouço George Benson, nem Ella Fitzgerald. Não precisa, a canção de Caetano é bonita por natureza. Quero ser justo: “A coisa mais linda da natureza e da civilização, quero ser justo”.

Penso em outra canção bonita, “Não Identificado”, a que Maria Bethânia disse que era a preferida de Seu Zeca, o pai deles. E quem não rezou a novena de Dona Canô?

Um artista assim, um escritor, que mexe com a sensibilidade de muitas pessoas, que promove a paz que o sexo traz, só pode ser o melhor. Não tem outro. Muitos são bons, mas só há um Caetano.

Assim, misteriosamente o badauê surgiu, tudo surgiu, amigos que são amigos de Caetano, que são amigos da mulher dele, Paula Lavigne, amigos que são amigos dos filhos de Caetano, amigos que são amigos porque Caetano Veloso existe. Isso não tem preço. Isso é amor.

Algo ancestral, algo que se renova. Com as coisas indo bem ou mal, só Caetano nos salva, nos salvará, dessas trevas e nada mais.

Kapetadas
1 – CV tem que ser clonado.
2 – Puxa vida! Todo mundo quer saber com quem a gente se deita. Te dana!
3 – Som na caixa: “Leitos perfeitos/ Seus peitos direitos me olham assim/ Fino menino me inclino pro lado do sim/ Rapte-me, adapte-me, capte-me, it’s up… “, dele.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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