João Pessoa, 14 de dezembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Permitam-me os leitores e leitoras interromper a série de artigos aqui publicados a partir do dia 7 de dezembro corrente sobre “A maior cobrança pra Cícero, Vitor Hugo e João”. Hoje seria a parte III, que dentro de alguns dias convictamente será postada. Entretanto, importantes informes que me foram encaminhados pelo mais renomado conterrâneo (e competente, mesmo) especialista em transporte público urbano, Carlos Batinga, impõem-me, de imediato, fazer um comentário a respeito.
Tais informes, extraídos de veículos do Sistema Globo de Comunicação, vêm sob o título “A bomba relógio do transporte público que prefeitos eleitos terão em 2021”. Demonstram que esse setor já vinha em sério desequilíbrio econômico bem antes da pandemia, vez que nos últimos cinco anos foi registrada uma diminuição de 26% no número de passageiros transportados. A partir da pandemia, aí, sim, o desequilíbrio econômico mais se acentuou porquanto a diminuição nesse quantitativo de passageiros transportados chegou até 60%.
Decorrente desse estado de coisas, a previsão de prejuízo no setor de transporte coletivo urbano, nas capitais brasileiras, para até outubro recente, era de R$ 7,1 bilhões, tão preocupante que no Congresso Nacional, através do PL 3.364/2020, foi aprovada lei para repassar a Estados, Distrito Federal e Municípios recursos no valor de R$ 4,0 bilhões, como socorro, sobretudo, para o enfrentamento do 13º salário dos trabalhadores, por parte das empresas, treze (13) delas já tendo interrompido suas atividades. A notícia mais recente, a respeito dessa lei, é a de que o presidente Bolsonaro teria vetado referida ajuda, pelo que mais se apropria aquela manchete de “bomba relógio” nas mãos dos novos prefeitos.
No título destes escritos introduzi, contrapondo-se ao símbolo “&” (“em companhia”), a palavra “versus”, interrogativamente. É porque tem prefeitos, em algumas cidades brasileiras, que – não se sabe com que objetivo – tratam o setor de transporte coletivo sem a racionalidade nem responsabilidade operacional exigidas. Ora! A questão tarifária, por exemplo, tem seu valor calculado pelas equipes técnicas dos próprios prefeitos! O grande problema brasileiro, no campo do transporte coletivo urbano, é que, com raras exceções como o da cidade de São Paulo (em 2020 comprometeu subsídio de mais de R$ 3,0 bilhões para o setor), é o de que todos os custos, até os das gratuidades e dos abatimentos para estudantes, são colocados na tarifa que é paga pelo passageiro!
Há bem mais que comentar sobre este específico assunto. Para não ficar cansativo, reservo-me a continuar em uma segunda parte.
Podcast da Rede Mais - 23/04/2024