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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Professor Colaço, 80

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publicado em 05/12/2020 às 08h14
atualizado em 05/12/2020 às 07h10

Na ortografia do olhar, o que posso dizer de uma pessoa que chega aos 80 anos, bastante jovem e vai bem mais? Lembro da primeira vez – ele estava acompanhado dos professores José Vitaliano e Ednaldo Lima, (este já não está entre nós). Foi no Restaurante Bargaço, (hoje Gulliver Mar), no Cabo Branco. Não faz tanto tempo, mas o tempo nos indica a construção de muitas coisas.
Em segundo lugar, dizer que o professor Antônio Colaço Martins é cidadão paraibano, (numa propositura do deputado, Lindolfo Pires), nasceu na terra de Rachel de Queiroz e Belchior, o Ceará de todos nós.
Ele é casado com a professora Graça Holanda Colaço Martins e engendraram os filhos Ana Cristina, Sandra e Colaço Filho. Isso já é tudo, a família. O texto poderia se encerrar nesse parágrafo, mas tem a questão primordial da lealdade.
A apresentação de um cidadão supõe uma leitura do seu pensamento, ideologia e humanidades. Seria incorreto, em terceiro lugar, qualquer nivelação devidamente justificada. Justificar não é preciso, ressaltar sim.
Escrever sobre o professor Colaço, exige uma reflexão humanitária. Ele é um homem comum.
Assim, o primeiro e único signo que esta apresentação pretende, é um gesto de quem o admira, não por ele ter investido em educação a vida inteira, inclusive, em nosso Estado, com o universo que é hoje o Uniesp, (Centro Universitário), mas pelo entusiasmo e obstinação que sustenta sua ideia de que o conhecimento nos eleva e nos conduz a muitos lugares. Em Fortaleza, a Unifametro (Centro Universitário), é outro banco de escola da família Colaço.
A aparição de sua pessoa começa por pôr em evidência algo de muito decisivo no viver em comum: a partilha de algo mais comum, o projeto coletivo. Ele é a condição da existência, que só assenta em um homem que reúne qualidades e sabe dividir tarefas.
Temos defeitos, mas as qualidades de alguns superam a superfície que nos separa das imperfeições. Somos de carne e osso, mas nossa alma é tocável
Professor Colaço é autor de várias obras: “Pensando a Universidade: fragmentos do cotidiano acadêmico”, “Metafísica e ética da pessoa: a perspectiva de Emmanuel Mounier”, “Pessoa e comunicação no pensamento de Emmanuel Mounier”, “Pareceres: nova e vetera (2 volumes)” e “Padre Dourado: Uma Missão divina, em co-autoria com José Luís Lira”. E o mais recente “Fragmentos de Teologia”, (neste livro, ele abre espaços para homenagear o irmão, padre José Colaço Martins Dourado, (em memória) e ainda revela sua devoção por São Francisco de Assis). Sua maior obra é a família. Vamos pensar assim: a família dele, a minha, a família Uniesp, da Unifametro e outras tantas.
O professor Colaço não é de aparecer, mas quando está em público sua sensibilidade e cultura são percebidas a olho nu. Sua passagem e oportunidades em promover pessoas, vem da força criadora de uma afirmação singular.
Com o atributo de eleito, Antônio Colaço Martins recentemente assumiu a presidência da Academia Fortalezense de Letras, mas ele tira de letra qualquer ascensão.
Colaço menino, participante da vida de muitos. Ele assisti a desolação desse tempo da Covid 19 e os acontecimentos mundiais com serenidade. Venceremos. Como tal, está sempre na rota da transformação, daquilo que podemos nomear, a lembrança dos poemas de Drummond, que vão trocando de nome, cidades, pedras e caminhos. Deus e seus encantos.
O intenso Colaço, aquele que se deita e dorme tranquilo, lembra o outro, o pacato cidadão do campo, que levanta cedo e está a trabalhar lá longe nos sertões de nós. É nesse patamar que ele se torna múltiplo ao atingir essa intensidade e o esforço da determinação, da disciplina, na iminência de cada acontecimento, no seu ritmo nunca interrompido, o já sentido, realizado e sonhado. E bem mais.
Por isso, a presença dele em minha vida, na vida da sua família, dos inúmeros alunos e professores, é bem significativa. Meu irmão William gostava muito dele. Na apresentação de quem lê o rosto um do outro, na ortografia do olhar a atrair muitos outros, Colaço continua a construir seu trabalho, como a sentir a necessidade de fazer um poema.
A verdade da leitura que faço, a singularidade, está nele, está no que perdura, e nesse ritmo, ele não tem oitenta anos e sim, mais de 80 vidas, mais de 1800 colinas, pelo o amor da professora Graça.

Kapetadas
1 – No túnel do dizer, a cronologia tem forte representação na vida de um homem bom.
2 – O texto é dedicado a professora Graça e aos filhos, nora, genros e netos.
4 – Som na caixa: “Meu pai me mandou pra vida/Num momento de amor/E o bem daquele segundo/Grande como a dor do mundo/Me acompanha onde eu vou”, Caetano Veloso

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