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Cinegrafista paraibano relata vitória sobre Covid-19 em livro: ‘Vivi prisão doméstica’

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publicado em 05/11/2020 ás 06h26
atualizado em 05/11/2020 ás 07h48

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Cinegrafista desde de 1987, Isael Alves, lança nesta quinta-feira, seu primeiro livro “Testei positivo – um relato”, em que conta sua experiência quando testou positivo para a Covid 19, que ele chama de “prisão doméstica”. O livro, com mais de 200 páginas, com selo da Editora A União. É a visão de um homem simples, que ainda hoje trabalha com imagens. O jornalista Silvio Osias apresenta a obra.

“Apesar de trabalhar com televisão, eu nunca pensei em escrever um livro, sempre fui atento ao português, que é o nosso fiscal maior. Quando eu já estava com o exame na mão, diagnosticado com Covid, foi um susto terrível. Em uma das noites, estava inquieto na cama e peguei lápis e papel e comecei a escrever”, revela Isael.

Segundo Isael, a obra é uma resposta imediata às transformações ocorridas em sua vida num breve espaço de tempo, que alterou seu ritmo de trabalho. “Eu comecei a escrever naquele dia, já isolado no quarto. Esse livro nasceu de uma noite inquieta que brotou a ideia em mim”.

Na apresentação, o jornalista Silvio Osias foca na simplicidade da obra. “Simples, direto, atraente. Sugeri que acrescentasse – Um relato. E ele aceitou. E gostei do texto. É sério, porque trata de uma tragédia que se abateu sobre a humanidade em 2020, mas também tem uma dose de humor necessária para que a gente não se entregue à tristeza nesses tempos tão difíceis. Não é de narrativa linear, e isto funciona bem durante a leitura. Fala do presente e do passado. Fala da pandemia e de muitas outras coisas”.

“Eu chamei Silvio Osias porque considero ele uma referência no jornalismo como um todo. Muito antenado, em tudo que acontece ao seu redor e no mundo, principalmente, sobre jornalismo e música. E é meu amigo”, adiantou o autor.

O livro de Isael é curioso, por se tratar de um assunto mundial, o Coronavírus, que já vitimou milhares de pessoas, mas ele conseguiu escrever. Já vencido, fez os arremates. “Tem muita coisa no livro, além da Covid, mostra uma pessoa enclausurada num quarto sem poder sair, uma prisão doméstica. Eu não podia sair dali, porque estaria comprometendo toda minha família”.

Como é a vida de um preso residencial, com teste positivo para a Covid? “No meu caso, eu não tive problemas, apenas um desconforto na garganta, que parecia muito pesada. Eu não conseguia fazer nada. A palavra chave para definir o que eu sentia, é angustia. Mas paralelo a isso eu me mantive vivo: fiz exercícios dentro quarto, cantei várias canções. Eu faço um violão básico, o violãozinho de farras. Cantei músicas de Paulinho da Viola e ai tudo foi registrado. Eu cantava e escrevia de manhã, de tarde, de noite e de madrugada”.

No livro de Isael, ele conta como a alimentação chegava até ele. “Olha, a comida era colocada na porta do quarto, eu pegava o prato com a velocidade que o rato pega o queijo na ratoeira. Acho que foi uma neura que me deu”.

O rosto de Isael está na capa do livro, em foto de sua filha Francine e transformada numa arte. “Eu conto também no livro, coisas do meu nascedouro. Minha mãe disse que nos meus três primeiros meses de vida, eu quase não sobrevivi. Isso está lá”.

Sozinho no quarto, você conseguiu falar com Deus? “Sim, ele me deu algumas respostas, em silencio”

Isael nasceu em Sapé e mora há anos em João Pessoa. É filho de Seu Zacarias Damião de Freitas e Maria Rozendo Alves. É casado com Arenilda Alves e são pais de Francine Freitas, que estuda Administração e Pedro de dez anos, estuda do ensino fundamental.

Foi bom ter escrito Testei positivo – um relato? “Foi uma boa surpresa, toda angustia, o sofrimento, mas depois que vi as mais de cem páginas escritas, senti logo que não se tratava de um escritor de primeira categoria, mas foi gratificante, valeu a pena. Escrevi todo a mão em caneta vermelha em sobras de cadernos de meu filho Pedro”.

Isael é radialista, cinegrafista e servidor público do estado. Começou a trabalhar na TV Cabo Branco, depois a convite, trabalhou na TV Tambaú. Trabalhou para o Governo José Maranhão e a Mix Comunicação, na época dos publicitários José Maria e Jurandir Miranda e hoje está na TV Correio.