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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Nosso Adelson se foi

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publicado em 28/06/2020 às 10h20

Inesquecível, prestativo, sertanejo, brilhante. O jornalista Adelson Barbosa, que aqui se deu a conhecer na redação do jornal Correio, que não se negava a botar uma nota na coluna, que vinha pegar limões aqui em casa, não existe mais.

Encontramos aqui o nosso Adelson, que já estava sumido, quase simbólico e fundamental na sua composição: a rua, a notícia, a reportagem, o texto, os caminhos. O Adelson que trabalhou nas Frente de Emergência em Patos, nos anos 80, até fazer seu nome como jornalista.

Adelson de muitos significados que se sucederam até que o câncer o matou. Adelson  em personificações, metamorfoses,  numa sequência careta e narrativa em que a imagética se alargou, imensa, espalhando-se como um rio através de  representações encadeadas que ampliam os campos de batalha de um homem.

Quando eu não tinha carro, ele me levava para o jornal, passava em frente minha casa. Quando tive um fusca que quebrou em plena Beira Rio, num dia de chuva Adelson parou e me socorreu.

Adelson em contiguidades. Sua morte revela o descanso da alma, a assunção da nova Casa na cidade desconhecida, como uma extensão em sentido universal.

Comprou um pedaço de terra, um lugar no mato que viveu uns tempos pra lá e pra cá. Deveria ter ficado mais tempo lá como hipótese de uma casa no campo. Outro dia, chegou na redação com as mãos cheias de pedras coloridas e deu a cada jornalista uma. Na época escrevei sobre essa pedras, eram pequenos rochedos coloridos, pedras redondas, pedras rolantes.

Não era de queixume.  Às vezes aborrecido, sem lamento ou mesmo de uma elegia que aqui o trato, mas de um energia que só ele tinha. Adelson parecia ter vindo do mundos dos pássaros, dos gatos, dos cães, com a resistência valente que o fez  transbordar.

Quando soube que e ele tinha morrido, pensei logo em acender os candeeiros para iluminar as ruas tristes da cidade, com todos entocados com medo do Covid 19.

Uma conformação provável: Adelson já foi. Pelo telefone Silvio Osias avisou, pelo WhatsApp, Heron Cid disse “Nosso Adelson se foi”.

Nosso Adelson, o plural já diz tudo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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