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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

A riqueza dos homens

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publicado em 13/06/2020 às 09h09
atualizado em 13/06/2020 às 09h02

Um americano bilionário, desses que somente os EUA produzem aos montes, resolveu vender todas as suas empresas e aposentar-se. Depois de muito pesquisar, escolheu uma pequena praia na costa do México como sua morada definitiva. Ali a temperatura era suave e constante o ano inteiro, poucas chuvas e um mar espetacular.

Tratava-se de uma pequena aldeia de pescadores com poucas casas e uns cem habitantes, porém servida de luz, água e esgoto. O americano fez construir uma mansão espetacular, dotando-a de todos os confortos da mais moderna tecnologia e foi enfim usufruir o seu merecido descanso. Como era muito comunicativo, logo fez amizade com os locais, principalmente com os pescadores, com quem passava longas horas conversando.

Numa noite belíssima, quando embalava-se numa rede armada entre dois coqueiros à beira mar, observando a enorme lua cheia que nascia no horizonte, viu passar o pescador mais antigo da aldeia, uma espécie de líder local. Chamou-o e com ele começou a conversar, enquanto compartilhavam uma garrafa de uísque.

Paternal, o bilionário começou a dar conselhos ao pescador.

“- Paco, eu já observei que vocês aqui só pescam duas vezes por semana e por poucas horas. No entanto pescam muitas lagostas, vários quilos de camarão e aquele delicioso peixe Pargo. Por que vocês pescam somente nesse pouco tempo? Eu tenho certeza de que se você orientasse seu pessoal para pescarem todos os dias e por muitas horas, logo, logo vocês dominariam a pesca em toda a região.”

“- E é, Mister? Quer dizer que se a gente fizesse isso, se a gente saísse todos os dias de madrugada e voltasse somente à noite, sem descansar aos sábados e domingos, nós seriamos os bacanas do pedaço?”

“- Claro, meu amigo Paco. E não é só isso. Se vocês persistissem, se continuassem trabalhando todos os dias de manhã à noite, sem descanso, depois de dois anos seriam os reis da pesca do México. Com certeza estariam comandando a pesca da América do Sul e Central em menos de quinze anos.”

“- Mas Mister, e o que é que ia acontecer conosco depois?”

“Iriam ganhar muito dinheiro, Paco. Como você é ignorante, eu vou explicar; vocês iriam ganhar tanto dinheiro que você poderia ir morar em uma cobertura na quinta avenida, em Nova Iorque. Já pensou, sair dessa praia miserável, desse país sub desenvolvido, e ser morador da quinta avenida?”

“- Mister; isso parece um sonho. Que beleza. E depois? E depois, o que eu faria?”

“- Ah, Paco; depois você estaria tão rico, mas tão rico, que poderia tomar conta do mercado de pescado no mundo. Já pensou; Paco, o rei do peixe!”

“- Bom demais, Mister. E depois, quando eu for milionário, quando eu for o rei do peixe no mundo, o que é que vou ser, o que vou poder fazer?”

“- Essa é a melhor parte, Paco. Depois disso tudo, de tantos anos trabalhados todos os dias, desde a madruga e até a noite, sem férias nem descanso, você faria como eu fiz; ia se aposentar e morar numa praia como esta, sem preocupação com mais nada, a não ser acordar olhando para esse mar deslumbrante, pescar quando lhe conviesse e dormir embaixo desse céu fantástico, salpicado de estrelas e iluminado por essa lua maravilhosa. Eu lhe garanto que nada no mundo se compara a isso.”

“- Mas Mister, isso eu já faço, sem precisão de tanta trabalheira!”

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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