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Papa pediu 4 helicópteros militares, diz coordenador das Forças Armadas

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publicado em 20/05/2013 às 20h21

 Gaúcho e com o chimarrão sempre à mão, o general José Carlos de Nardi, coordenador das Forças Armadas brasileiras, afirma que o Vaticano fez apenas dois pedidos para a visita do Papa Francisco ao Brasil em julho: que um avião fosse à Itália buscar dois papamóveis e que o governo disponibilizasse quatro helicópteros, que serão cedidos pelos militares, para uso da comitiva.

Na avaliação no chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, o maior risco para o pontífice é a ação de um "lobo solitário", como classificou uma pessoa capaz de atentar contra o Papa Francisco.

Em entrevista exclusiva ao G1, concedida em seu gabinete no Ministério da Defesa, em Brasília, De Nardi detalhou pontos dos planos de segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Ele também rebateu críticas de que os militares possuem intenção de assumir o controle da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, mas garantiu que não abre mão de que a prevenção e repressão a ataques terroristas fiquem centralizados nas mãos de um general do Exército.

De acordo com o general, os helicópteros pedidos pelo Pontífice voarão sempre juntos, para que não seja possível saber em qual aeronave o Papa está. "Vão sempre os quatro juntos, sempre em esquadrilha", afirmou.

Os helicópteros são do tipo Cougar. Dois são da Força Aérea Brasileira, um do Exército e outro da Marinha. A FAB vai usar o VH-34 Super-Puma, que possui configuração VIP e não tem blindagem. O modelo, que é usado pela presidente Dilma Rousseff, tem capacidade para seis passageiros e quatro tripulantes.
Os outros dois aparelhos podem levar 12 pessoas, além dos tripulantes. Junto com Francisco haverá sempre um médico, alguns ajudantes e agentes da Polícia Federal. Um dos helicópteros terá como finalidade médica. Os demais servirão como escolta e transporte da comitiva.

"Para o Papa, o maior risco que avalio será o lobo solitário, como o que aconteceu na própria Itália. Isso das informações que nós temos. Eu não vejo risco na população, eu vejo risco mais nele", disse o general, em referência ao ataque sofrido pelo Papa João Paulo II, em 1981, quando ficou gravemente ferido depois de ser atingido por tiros disparados pelo turco Mehmet Ali Agca, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Em sua primeira viagem internacional após o conclave no qual foi eleito, em 13 de março, o Papa chega ao Brasil em 22 de julho. Ele participará de atividades da JMJ, no Rio, e visitará a cidade de Aparecida, no interior de SP. O retorno será no dia 28.

"O Papa é argentino, mas, como disse a nossa presidenta, Deus é brasileiro. Temos certeza de que vai dar tudo certo", afirmou o general. Natural de Farroupilha, na Serra Gaúcha, De Nardi é conselheiro do Internacional, clube cujo hino é toque do seu celular. Bandeiras do time e do estado em que nasceu estão expostas na sala que ocupa.

De Nardi, de 69 anos, foi convidado em 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a assumir a chefia do Estado-Maior Conjunto das Forças Armada, cargo que continua no governo de Dilma Rousseff. Conselheiro direto do ministro da Defesa, Celso Amorim, possui o mesmo status que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mas na prática é coordenador das três áreas, centralizando decisões no âmbito da Defesa, da compra de equipamentos e de operações conjuntas.

Para evitar qualquer risco durante a visita de Francisco e durante a Copa das Confederações, que será realizada em junho em seis cidades, o general disse que os cuidados com terrorismo "foram redobrados", principalmente após os atentados na Maratona de Boston, em 15 de abril, quando dois jovens usaram bombas caseiras em panelas de pressão e provocaram a morte de três pessoas, deixando mais de 170 feridas.

"Eu diria que, para os dois eventos, aumentou o grau de preocupação. Nós dobramos a atenção, principalmente para inteligência", diz.

"O importante é que o terrorismo será centralizado. As demais ações podem ser separadas. Mas aqui, não. Aqui precisa de centralização. Por isso está na mão de um general tudo em relação a terrorismo e defesa química, bacteriológica, nuclear e radiológica", explicou.

Para que isso fosse possível, o governo criou um Centro Integrado de Prevenção e Combate ao Terrorismo em que serão compartilhadas informações obtidas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e divididas ações de prevenção de ataques, a cargo da Polícia Federal. A unidade vai funcionar durante os dois eventos.

"Antiterrorismo é o que antecede toda a preocupação. E nesta parte Abin e PF são vocacionadas, já possuem contatos com a Interpol e com outros países. Mas, se acontecer um ataque terrorista, isto tem que ser coordenado pelo centro, para decidir qual equipe que vai fazer a atuação pontual. Pode ser a própria PF, pode ser um pelotão do Exército, um da Marinha, pode ser o Bope (da PM do Rio de janeiro), assim por diante", afirmou.

"O combate ao terrorismo tem um comando único, não é isso que estão falando por aí, não. E o comando é de um general do Exército. Os eixos de guerra cibernética e terrorismo estão centralizados aqui no Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Isso eu acertei com o Ministério da Justiça. A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge) aceitou, e não tem quem mude. Eu não aceito", disse ele, batendo forte com uma caneta na mesa.

O oficial acredita que, na prática, não haverá disputa por informações entre os órgãos. "Eu acho muito difícil isso acontecer, porque o comando e a execução serão centralizadas. Se alguém quiser aparecer e esconder um conhecimento [de algum suspeito], ele está se autoprejudicando, porque não é necessariamente a equipe dele que vai atuar".

A Abin está fazendo avaliações de risco contínuas e, durante os eventos, os relatórios serão distribuídos diariamente. "Se alguma pessoa suspeita está vindo, a inteligência de outro país irá nos avisar anteriormente. Elas serão acompanhadas e, certamente, monitoradas", disse.

G1

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