João Pessoa, 08 de agosto de 2018 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O novo muro de vidro que separa a marginal Pinheiros da raia olímpica da USP não tem dono, já tem sinais de abandono e é alvo de uma investigação policial que deve ser arquivada sem nenhuma conclusão.
O modelo de muro com vidraças foi anunciado em julho do ano passado. A construção foi feita por meio de doação de empresas à USP, sob intermediação do então prefeito e atual candidato ao governo, João Doria (PSDB).
A negociação para a construção do muro não dispõe de um contrato entre as companhias e a universidade, apenas um termo de doação, o que dá margem ao atual limbo em que se encontra a execução dos serviços.
Para a gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), apesar de a obra ter sido desenhada sob os moldes das doações de empresas à prefeitura, praticadas desde o início da gestão Doria, não cabe à gestão municipal fazer nenhuma intervenção por não se tratar de uma obra da administração. O chamamento público foi feito pela universidade, ressaltou a gestão.
Por outro lado, a universidade afirma que, até a obra ser entregue, qualquer intervenção é de responsabilidade das 44 empresas que aceitaram participar das doações, inclusive, a substituição de ao menos 20 placas de vidros quebradas de forma misteriosa nos últimos quatro meses.
A USP diz ainda que não está definido quem irá pagar a conta de toda a manutenção do muro após o fim da obra –o muro tem 1.222 placas de vidro, e cada uma delas é avaliada em cerca de R$ 4.000.Diante de grave crise financeira, a universidade terá dificuldade com esses custos.
Com 96 mil alunos e orçamento de cerca de R$ 5 bilhões por ano, a USP tem quase todo recurso onerado pela folha de pagamento. A universidade fez planos de demissão voluntária, congelou contratações e obras, e o Hospital Universitário reduziu atendimentos.
Mesmo assim, a definição a respeito da manutenção do muro de vidro deve ser decidida em breve, já que resta pouco a ser feito na obra.
Há cerca de duas semanas, o muro recebeu as últimas placas de vidro, e a empresa responsável pela instalação afirma que, com isso, sua participação na obra chegou ao fim.
A fabricante doadora dos vidros ainda disponibilizou cerca de 120 placas extras para servir como um estoque em caso de quebras.
Na tarde de terça (7), havia sinais de abandono no local. Ainda restava um vão com vidros estilhaçados desde a última quinta-feira (2) e que ainda não tinham sido substituídos. Parte do estoque de placas está armazenado ao ar livre, disposto em cavaletes de ferro, à beira da marginal Pinheiros, sem proteção.
A Folha de S.Paulo encontrou ao relento cerca de dez placas de vidro –só esse conjunto vale cerca de R$ 40 mil. Por estarem à disposição das variações de tempo e temperatura, apresentavam avarias como quinas trincadas e sujeira provocada pela lama do canteiro de obras do muro.
Até o momento, não há também posicionamento oficial sobre o trecho de cerca de 20 metros que continua com as esquadrias de alumínio instaladas, mas vazias, sem as placas de vidro. Um muro de alvenaria ainda protege essa parte.
Notícias ao Minuto
maistv - 12/08/2025