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Histórias dentro dos ônibus (12)

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publicado em 13/07/2018 às 16h34

Não conhecíamos o senhor João Vicente Pereira. Mas, no Shopping Manaíra, em uma destas tardes, passando nas imediações da loja “quem te disse, berenice?”, ele veio ao nosso encontro e foi logo dizendo: – “Tenho lido seus artigos sobre as histórias dentro dos ônibus e estou com uma pra lhe contar!”.

Dirigimo-nos, pois, até ao box do Sorvete do Chiquinho e, ocupando uma das mesas, conversamos. E aí ele, João Vicente Pereira, passou-nos sua história e que, com palavras mais ou menos as dele, reproduzimo-la a seguir:
-João Vicente reside nas imediações do Retão de Manaíra. Disse que mais se utiliza dos ônibus da linha 513.

Recentemente pegou um dos ônibusda 513, em horário próximo das 16 horas, sem nenhum passageiro em pé, dirigindo-se à avenida Epitácio Pessoa. E se sentou ao lado de um cidadão de idade em torno dos 50 anos, este com seu “smartfone” que usava “curtindo um som”. E este cidadão, demonstrando-se bem educado (e mesmo com o som bem baixinho), perguntou: – “Incomoda-se?”.

O senhor João Vicente respondeu que não e disse que também gosta de um som (musical). Daí, se aquele outro passageiro quisesse, podia até aumentar o som da música que tocava.

– “Mário, não é que a música falava da vida de um motorista de transporte coletivo!…” – disse o senhor João Vicente. E disse mais: – “Essa música fala que os bandidos só vivem assaltando os ônibus e que há os caronas que vivem a ameaçar e que tem inclusive fiscal dedo duro pra entregar o motorista ao patrão! Termina falando que com toda a dedicação ao trabalho, assim mesmo o governo muda a lei pra tirar o direito de aposentadoria”.

Depois dessa conversa com João Vicente, fomos nós próprios que ficamos curiosos em relação a essa tal música e descobrimos que seu título é “Pó de Rabiola (motorista de ônibus)”, de Tião Canhoto e Maurinho. E contém trechos bem pitorescos como os seguintes:

– Sou motorista de transporte coletivo/ A minha vida é viver pra trabalhar/ Eu chego em casa só o pó da rabiola/ Fazer amor com a veinha nem pensar;

– É passageiro gritando que vai descer/ Que puxa e estica a campainha até quebrar/ É torcedor que quando vê o time perder/ Arrebenta tudo e invade o carro sem pagar.

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