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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

As virtudes corrompidas

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publicado em 19/11/2025 ás 14h39

Virtudes… Se as virtudes fossem puras, o mundo seria um altar.
Como não são, restam-nos apenas os templos de fachada, as devoções calculadas, os santos de ocasião e as almas que brilham por fora enquanto apodrecem por dentro como frutas douradas que escondem seu azedume sob a casca. Está aí para quem quiser ver

Não defender as virtudes, mas para expor o que fizeram delas.
Transformaram a humildade em disfarce, a fé em moeda, a caridade em vitrine, a coragem em espetáculo e a verdade em escândalo. E assim, o que era para ser ponte virou palco; o que era para ser luz tornou-se lamparina de vaidade.

Aqui, onde começo, não há inocentes, há apenas boas intenções que perderam o caminho e instintos que aprenderam latim para parecerem nobres. O mundo, na ânsia de parecer virtuoso, acabou se especializando na mais antiga das hipocrisias: a de corromper o bem, fingindo preservá-lo.

Eu, que já caminhei por corredores onde a virtude, lembro que era exigido como dever, mas praticada como teatro, aprendi cedo que poucos pecados são tão graves quanto a santidade de mentira. A falsidade piedosa pesa mais que o pecado confesso, e a máscara do justo às vezes fere mais que o punho do criminoso.

Por isso escrevo.
Porque há uma diferença abissal entre ser virtuoso e parecer virtuoso e é nessa fenda, profunda como ferida e larga como avenida, que este livro se ergue. Aqui se examinam as virtudes que o mundo jurou seguir e secretamente vendeu ao primeiro comprador que passou. Aqui se recolhem os restos das boas ações adulteradas, dos sermões sem alma, das promessas vazias, dos juramentos negociados.

Este é o catálogo das virtudes que morreram de overdose de aparência.
É o memorial das honras que se prostituíram por aplauso.
É o inventário das purezas que se deixaram contaminar pela conveniência.

No fim não se espante,talvez descubra que a virtude que mais sobrevive é justamente aquela que ninguém prega, ninguém exige e ninguém exibe: a honestidade consigo mesma, rara como ouro verdadeiro, silenciosa como um milagre, incorruptível como o que nasce do sofrimento.

Aqui começa a anatomia moral do século
e o julgamento não será contra os pecadores, mas contra os virtuosos de vitrine.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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